Lula sacrifica aliados nos estados para viabilizar a própria candidatura
Para tentar não prejudicar sua candidatura nacional, Lula tem sacrificado aliados nos estados. Entre os oito maiores colégios eleitorais do país, onde concentram-se quase 70% dos votos, apenas em um deles o ex-presidente conseguiu, até o momento, acordo com a esquerda para viabilizar candidatura em comum...
Para tentar não prejudicar sua candidatura nacional, Lula tem sacrificado aliados nos estados.
Entre os oito maiores colégios eleitorais do país, onde concentram-se quase 70% dos votos, apenas em um deles o ex-presidente conseguiu, até o momento, acordo com a esquerda para viabilizar candidatura em comum. Trata-se do Paraná, que terá o ex-senador e ex-governador Roberto Requião, recém-filiado ao PT, como o candidato lulista.
Já em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará, o campo progressista ainda não conseguiu consenso em torno de um nome para fazer frente ao bolsonarismo. Em alguns desses lugares, Lula poderá acabar tendo dois palanques justamente pela falta de acordo.
O caso mais simbólico do desarranjo petista está na Bahia. Há um mês, o PT dava como certa a candidatura do senador Jaques Wagner ao governo do estado, com o apoio do PP, do vice-governador João Leão. Depois, Lula tentou viabilizar a candidatura de Otto Alencar, para tentar atrair o PSD, de Gilberto Kassab, já no primeiro turno. O senador, porém, nunca se dispôs a disputar o Palácio de Olinda. Escanteado das negociações, o PP deixou a base governista e agora dará suporte ao palanque de ACM Neto (União Brasil), que flerta com Lula. No fim das contas, o PT lançará o secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues, como candidato ao governo.
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Em Pernambuco, o partido tentava viabilizar uma candidatura própria com o senador Humberto Costa ou com a deputada federal Marília Arraes. Mas, diante da aliança nacional com o PSB, a sigla foi obrigada a desistir da candidatura própria. Lula ainda tentou contornar a crise interna indicando Marília para o Senado, mas a parlamentar rejeitou a proposta e agora vai deixar o PT para disputar o governo pelo Solidariedade. O PSB vai apostar na candidatura do deputado federal Danilo Cabral, para tentar manter e hegemonia no estado.
Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a tendência é que Lula tenha palanques pulverizados. Nos dois estados, PSB e PT disputam a primazia da esquerda.
No maior colégio eleitoral do país, os dois partidos ainda tentam um acordo. Porém, nem o ex-governador Márcio França (PSB) nem o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) estão dispostos a ceder.
No Rio Grande do Sul, a briga pelo palanque estadual é entre Beto Albuquerque (PSB) e o deputado estadual Edegar Pretto (PT). Os dois também não conseguiram um acordo para unir a esquerda e Lula não descarta rifar o deputado estadual para conseguir manter a unidade com o PSB.
No Rio de Janeiro, uma disputa entre os deputados Marcelo Freixo (PSB) e Alessandro Molon (PSB) tende a enfraquecer o palanque lulista no estado. Freixo é pré-candidato ao governo, mas o PT se nega a liberar a vaga ao Senado para Molon e tenta emplacar o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano.
Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o PT, incentivado por Lula, quer o deputado federal Reginaldo Lopes como candidato ao Senado. A investida irritou o PSD, que já dava como certo o apoio do PT ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. O partido de Gilberto Kassab busca viabilizar uma coligação puro-sangue, com o senador Alexandre Silveira, que assumiu no lugar do agora ministro do TCU Antonio Anastasia, mirando a reeleição no estado.
Já no Ceará, PT e PDT tentam um acordo para uma espécie de palanque híbrido que possa contemplar os interesses de Lula e de Ciro Gomes. O nome mais cotado ao governo é o do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Mas lideranças locais, como a deputada federal Luiziane Lins, querem lançar um petista para encabeçar a chapa com o PDT.
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