Lindbergh sentiu
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ, foto) rebateu as críticas realizadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a integrantes do próprio partido que celebram os resultados alcançados pela equipe econômica, mas acham que está tudo errado...
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ, foto) rebateu as críticas realizadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a integrantes do próprio partido que celebram os resultados alcançados pela equipe econômica, mas acham que está tudo errado.
Em um longo texto na rede social X, antigo Twitter, o parlamentar, que é namorado de Gleisi Hoffmann e em vários episódios tem se portado como um porta-voz da presidente nacional do PT, afirmou que o governo federal teve muitos acertos na área econômica, “mas o déficit zero não é um deles”.
Austericídio fiscal
Em 8 de dezembro de 2023, o diretório nacional do PT aprovou um documento condenando o “austericídio”, termo utilizado para se referir ao suicídio econômico por políticas de cortes de gastos. Na resolução, o partido liderado pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) afirmou que é preciso se livrar do “austericídio fiscal” e da “ditadura do Banco Central independente” para responder às necessidades do país.
Em entrevista a O Globo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o partido não pode celebrar os resultados e achar que está tudo errado.
“Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver”, afirmou.
Leia a resposta de Lindbergh a Haddad na íntegra e conclua se convence:
“Li com bastante atenção a entrevista de Fernando Haddad ao jornal O Globo hoje. A resolução do PT não fala que ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’.
Pelo contrário, o Governo teve muitos acertos na área econômica, mas o déficit zero não é um deles.
Lula superou todas as expectativas pessimistas do mercado que previam um crescimento de apenas 0,7 % do PIB em 2023 e fez a economia crescer em torno de 3%. A resolução do PT fala sobre isso e ressalta o papel da PEC da transição e de políticas como a volta da valorização do salário mínimo, o bolsa família reestruturado, a isenção da tabela do imposto de renda até 2 salários mínimos, o reajuste de 9% dos salários dos servidores que foram fundamentais para economia ter um fôlego esse ano. Graças a PEC da Transição e uma safra agrícola recorde esse ano, superamos todas as expectativas do mercado.
Qual a diferença e as preocupações? Não vamos ter mais a PEC da transição em 2024. Em 2023, as despesas cresceram 9% e estimularam a economia. Em 2024 vamos ter a meta de déficit primário zero que vai travar o orçamento, congelando as despesas, que na melhor das hipóteses, só vai poder crescer 0,6%. A preocupação é com o crescimento econômico. Há sinais claros de uma desaceleração econômica no início desse ano. A política monetária conduzida pelo Campos Neto é muito contracionista e ainda temos a mais alta taxa de juros do mundo. Nesse quadro, optar por uma “austeridade fiscal” pode ter impacto forte no crescimento em 2024 com cortes no PAC, orçamento das universidades, institutos federais etc… e comprometer a popularidade e a governabilidade do Lula no Congresso. Olivier Blanchard foi economista chefe do FMI, é um liberal e reconhecido como um dos maiores macroeconomistas vivos hoje no mundo.
Ele alerta que todas as principais economias do mundo estão com déficit e que seria um erro fazer mudanças bruscas pq isso poderia levar a recessão e vitória de governos populistas de direita. Sabe qual a projeção do FMI de déficit em 2024 para os EUA, -4,3;China, -5,8; Japão, -3,6; França, -2,7; Índia, -2,9; Reino Unido, – 1,9; Alemanha, -0,8. Pelas projeções do FMI só Brasil e Itália buscam déficit zero. Pq o Brasil com um governo de esquerda está optando deliberadamente, na contramão do mundo, por uma política dura de austeridade que não foi apresentada em momento algum da campanha presidencial? Lula foi eleito falando o oposto, que investimento não é gasto. Quando o PT aponta preocupações e desafios não é para fazer oposição ao ministro Haddad, mas para chamar atenção sobre problemas que poderemos ter com uma política fiscal contracionista.
O quadro político não é simples, temos uma extrema direita forte, a democracia ainda precisa ser consolidada e temos um Congresso que atua como se já estivéssemos no semipresidencialismo retirando atribuições e boa parte do orçamento do controle do Executivo. Se a economia desacelerar, essa turma vai querer engolir o governo.
O que queremos é a consolidação da democracia e o sucesso do governo Lula. Para pensarmos em 2026 ou 2030, temos que falar menos de ajuste fiscal e mais de crescimento econômico. Temos que parar de dar tanta atenção aos sábios da Faria Lima e olhar mais para a sabedoria do Lula que governou ampliando investimentos, melhorando a vida do povo pobre com um crescimento médio por ano de 4,1%.”
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