Líder da União Brasil dispara contra aliados e fala em chapa-pura, inclusive com Moro
Ontem, como registramos, o deputado Elmar Nascimento (foto), líder da União Brasil na Câmara, convocou uma coletiva de última hora e defendeu Luciano Bivar, presidente do partido, como o nome a ser anunciado em 18 de maio para uma eventual candidatura única de União, MDB e PSDB à Presidência da República...
Ontem, como registramos, o deputado Elmar Nascimento (foto), líder da União Brasil na Câmara, convocou uma coletiva de última hora e defendeu Luciano Bivar, presidente do partido, como o nome a ser anunciado em 18 de maio para uma eventual candidatura única de União, MDB e PSDB à Presidência da República.
Nesta quarta-feira (13), Nascimento foi além em entrevista exclusiva a O Antagonista: ele disparou contra aliados tucanos e emedebistas e antecipou que, se as outras duas siglas não quiserem abraçar o projeto ‘Bivar 2022’, a União poderá lançar uma chapa-pura — com candidato a presidente e a vice do partido –, incluindo a possibilidade de Sergio Moro compor.
“Temos estrutura e tempo de TV para, até sozinhos, bancarmos uma campanha presidencial. Qual a razão que poderia fazer a gente abrir mão de lançar o Luciano Bivar? Nesse jogo, quem está melhor colocado é a gente.”
Ao encher Bivar de elogios, Nascimento disse que, “se a gente quisesse impor um nome por conta de pesquisa, a gente bancava o Sergio Moro”, que trocou o Podemos pela União, a convite de Bivar, na reta final do prazo para as filiações partidárias. Como presidenciável, Moro vinha aparecendo em terceiro lugar nas pesquisas, apesar da dificuldade em se firmar na casa dos dois dígitos de intenção de voto.
“Mas a gente sabe que o pessoal não vai com o Sergio Moro”, ponderou o deputado.
O nome do ex-juiz da Lava Jato voltou a ser citado por Nascimento quando ele insistiu na possibilidade de a União lançar uma chapa-pura ao Planalto.
“Se ninguém quiser compor, a gente pode colocar a senadora Soraya Thronicke de vice e vai até o fim. Porque ninguém está disposto a abrir nada. Se, lá na frente, ninguém quiser fazer nada, a gente pode também colocar o Sergio Moro.”
“Como vice do Bivar?”, perguntamos.
“Tudo depende de uma conjuntura. Hoje, a chance de [Moro] ser cabeça de chapa é zero. Porque, hoje, a gente ainda aposta nesta candidatura que é a da união [de União, MDB e PSDB].”
Nascimento cobrou dos dirigentes de PSDB e MDB que formalizem as indicações de seus candidatos, como a União vai fazer nesta quinta-feira (14), em reunião da executiva nacional que confirmará a indicação de Luciano Bivar como presidenciável.
“O PSDB tem um candidato oficial, que é o João Doria, que venceu as prévias, e um oficioso, que é o Eduardo Leite, que vive trabalhando contra a candidatura do Doria. No PSDB, é o tempo todo conspiração”, disse.
“No MDB, tem uma candidatura, da a Simone Tebet, que não tem respaldo das principais lideranças do partido dela, que foram jantar com um candidato de outro partido [Lula]. O MDB precisa resolver e formalizar o que vai fazer. Eu não posso ter o Baleia Rossi [presidente do MDB] do meu lado, sentando para a gente conversar sobre candidatura única, e os senadores do partido dele jantando com o Lula e dizendo que vão contra a Simone na convenção. Como nós vamos discutir o nome da Simone se o partido dela pode invalidá-la lá na frente? Não pode toda hora uma notícia de jornal de senador aqui e acolá se reunindo com outro candidato. Por que a gente vai abrir mão para a Simone? Só porque ela é mulher? Ela não tem o partido dela”, acrescentou.
Nascimento resumiu assim: “As bancadas dos dois partidos [MDB e PSDB] torcem o nariz para as candidaturas que estão colocadas. Quem quer apoio tem que estar disposto apoiar. Que eles [MDB e PSDB] reúnam as executivas e aprovem e formalizem o apoio ao candidato deles ou ao acordo que vier da terceira via. O Luciano Bivar tem o partido para qualquer coisa”.
No entender do deputado, Bivar “é o único que tem capacidade para incluir todo mundo”, inclusive o eterno presidenciável do PDT, Ciro Gomes, que, sem Moro, pulou para terceiro nas pesquisas.
“Agora, se não quiserem isso, se quiserem ter quatro candidatos, aí o Ciro vai ter uns 10% e aí isso elimina a chance de uma terceira via, porque a terceira via vai virar uma quarta via. Se for para fracionar, então que cada partido tenha o seu projeto, mas sabendo que a gente está contribuindo para uma polarização.”
Nascimento repetiu seu raciocínio sobre por que considera Luciano Bivar, que nem sequer pontua hoje nas pesquisas, um nome viável.
“Quem está pontuando com 1%, 2% ou 3%… é tudo dentro da margem de erro. Tanto faz quem tem 1%, 2% ou 3 e quem não tem nada. É ‘tudo japonês’. O Bivar foi um cara que enxergou lá na frente na eleição passada [em 2018], abrigou o presidente [o então candidato Jair Bolsonaro] e fez o partido [PSL, que se fundiu ao DEM] virar o que é hoje [União Brasil]. Ele manteve os valores dele, não se agachou ao presidente. Brigou com o presidente da República dentro do próprio partido: não é para qualquer um. Ele conseguiu enxergar as consequências da proibição das coligações e fez a primeira e única grande fusão de partidos. PSL e DEM poderiam passar dificuldades neste ano se estivessem separados, e ele [Bivar] conseguiu tornar o partido, de novo, protagonista.”
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