“Bancada da Bíblia” deve declarar apoio a Bolsonaro em “momento oportuno”, diz novo líder
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), recém-empossado líder da Frente Parlamentar Evangélica, também conhecida como “Bancada da Bíblia”, afirmou a O Antagonista que os congressistas do grupo devem discutir em “momento oportuno”...
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), recém-empossado líder da Frente Parlamentar Evangélica, também conhecida como “Bancada da Bíblia”, afirmou a O Antagonista que os congressistas do grupo devem discutir em “momento oportuno” uma declaração de apoio à reeleição de Jair Bolsonaro nas eleições deste ano.
Em 2018, para ganhar o voto do eleitor mais conservador e evangélico, Bolsonaro defendeu projetos como a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos; o Escola sem Partido – proposta que limita a atuação dos professores, quando acusados de tentar interferir nas crenças ideológicas dos alunos – e a tipificação das ações do MST como ações terroristas. Apesar disso, poucas dessas “pautas de costumes” saíram do papel.
“Nós vamos discutir o assunto em momento oportuno e, havendo uma ampla hegemonia de parlamentares alinhados com a candidatura do presidente Bolsonaro à sua reeleição, nós não teremos problema em que a Frente faça uma declaração [de voto da bancada]”, declarou Cavalcante (foto).
Além disso, o deputado disse que seu maior objetivo hoje é tentar ampliar o número de congressistas evangélicos no parlamento, para que pelo menos um terço do Congresso seja composto por deputados e senadores do segmento.
Leia os principais trechos da entrevista:
O senhor assumiu nesta semana a Frente Parlamentar Evangélica. Qual será o objetivo a partir de agora? Qual o principal plano?
Nosso objetivo é a reeleição do maior número de colegas possível e o aumento da bancada para que tenhamos o tamanho da representatividade do segmento no país, já que somos 30% da população. As bancadas na Câmara e no Senado ainda estão sub-representadas pelo tamanho que somos.
E em relação às pautas?
A prioridade de pauta, nesse momento, é derrotar o projeto de legalização dos jogos de azar. É bem possível que, no pós-Carnaval, [esse projeto] seja pautado pelo presidente [da Câmara], Arthur Lira (PP-AL). Nos próximos dias, pretendo reunir a nova diretoria e ouvir os colegas da bancada para estabelecermos um pedido de pauta ao presidente Arthur Lira de assuntos que temos interesse que sejam pautados ao longo deste ano até o período eleitoral. Até porque sabemos que este é um ano mais curto.
Quais seriam esses projetos?
Vamos ouvir os parlamentares. Vamos procurar os três projetos de interesse maior da bancada. Vou conversar com Arthur Lira, faremos o mesmo no Senado e ouvir Rodrigo Pacheco, e tentar pautar assuntos que sejam do interesse do segmento.
Estamos diante de um ano eleitoral e o cenário hoje é de polarização entre Lula e Bolsonaro. Há possibilidade de a bancada declarar apoio a um deles ou a um outro candidato?
Lógico que esse assunto será discutido. Obviamente que hoje, respeitando as duas parlamentares do PT, a Benedita da Silva (SP) e a Rejane Dias (PI), que são evangélicas, e a Eliziane Gama (Cidadania-MA), que é mais à esquerda no Senado, 90% dos parlamentares têm algum alinhamento ideológico com o presidente Bolsonaro. Nós vamos discutir o assunto em momento oportuno e, havendo uma ampla hegemonia de parlamentares alinhados com a candidatura do presidente Bolsonaro à sua reeleição, nós não teremos problema em que a Frente faça uma declaração, respeitando os votos minoritários dos dissidentes.
No ano passado, Lira disse que pretendia fazer um acordo para pautar um assunto da esquerda e outro da direita. E citou como exemplo, a proposta sobre a maconha medicinal e os jogos de azar. O senhor concorda com esse plano do Lira?
Sob a nossa liderança não existe negociação de pauta. Eu não quero negociar nestes termos: ‘Paute um assunto do nosso interesse para pautar um do outro lado’. Se é para fazer esse tipo de coisa, não queremos que paute nada do nosso interesse.
Eu me relaciono muito bem com todos os colegas, inclusive os da esquerda. Agora, no campo ideológico, eu sou combativo e, se depender da minha liderança, e eu não respondo sozinho por toda a Frente, serei inflexível em negociações com assuntos de valores que são caros ao segmento evangélico.
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