Leonardo Barreto na Crusoé: Sobre Lula, o BC e a civilização brasileira
Que o Banco Central continue autônomo depois de 2022 e depois de 2024 é que é o fato relevante
Em sua coluna semanal para Crusoé, Leonardo Barreto destaca nesta edição a “briga” entre o Banco Central e Lula. O presidente petista ficou claramente insatisfeito após os dirigentes da instituição financeira manterem a taxa básica de juros em 10,5%.
Conversando com o representante de uma empresa multinacional do agro, me espantou a informação de que sua empresa havia saído da Argentina. Perguntei como isso era possível, considerando peso do país vizinho nesse mercado. E ele me disse: “não conseguimos viver em um ambiente sem regras”.
Quando se fala regra, se quer dizer previsibilidade. Pode parecer coisa pouca, mas não é. Trata-se do pilar que tornou a urbanidade possível. Por exemplo: como é possível planejar criar um filho, abrir um negócio ou escolher um bairro para viver se não é possível ter uma mínima noção de como vai ser o futuro? Claro que haverá sempre o imponderável, mas mesmo a reação a ele pode ser antecipada e danos mitigados.
Tudo isso para introduzir o episódio que opôs Lula e o Banco Central, que decidiu nesta semana pausar a trajetória da queda de juros. Colunistas importantes colocaram a decisão do Copom no campo da batalha política diária, destacando a derrota de Lula, que pressionou até onde pôde o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegando ao limite de sugerir que ele poderia estar agindo para favorecer a oposição na disputa eleitoral de 2026.
A questão de fundo, no entanto, é outra. Qual o nível de blindagem o corpo do BC tem para tomar as suas decisões? Nesse sentido, mesmo criticando a proximidade de Campos Neto com políticos ligados à gestão de Jair Bolsonaro, houve uma lembrança geral entre os principais analistas que Campos Neto fez o que tinha que fazer em 2022, bancando um aumento da taxa de juros em ano eleitoral.
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