Leonardo Barreto na Crusoé: O declínio do reino de Jatobá
Uma obra de ficção sobre o que finalmente o tribunal supremo de Jatobá decidiu: o tempo das emendas parlamentares acabou
Finalmente o tribunal supremo de Jatobá decidiu. O tempo das emendas parlamentares acabou. Após algum tempo de hesitação e paralisia da vida política, os conselheiros entenderam que o assunto era muito importante para ser regulado pelos congressistas e apresentaram eles mesmos a nova regra. Dali em diante, era com o líder executor, considerado pelos magistrados a única expressão verdadeira da vontade popular.
A importante medida, embora já tomada há muito tempo, foi mantida em segredo nos corredores que ligavam o tribunal ao prédio presidencial. Era importante construir bases de legitimidade para o anúncio, o que não era difícil, considerando que a população sempre tratou o tema como mera intriga entre elites, não lhe dedicando a atenção devida. De todo modo, era preciso algum verniz, considerando que os magistrados enfrentavam algumas denúncias e era recomendável se preocupar com a reputação.
A opinião publicada fez seu trabalho. As emendas eram um absurdo, portas abertas para a corrupção e completamente ineficientes. Quem era o parlamentar para decidir onde o dinheiro público deveria ser aplicado? Quem era o prefeito para saber o que sua cidade mais precisava? Bom mesmo era o burocrata localizado lá na capital, com programas de nomes bonitos e painéis coloridos com muitos gráficos. Ninguém conseguia provar mesmo qual era a melhor forma de usar verdadeiramente o dinheiro público, mas se a ordem vinha da capital, deveria ser melhor.
Foram tantas as críticas que mesmo entre parlamentares não houve quem fizesse a defesa de um orçamento sob gestão da assembleia… aliás, de uma parte menor do orçamento, diga-se. Deputados evitavam a exposição porque enfrenavam perguntas agressivas que buscavam criminalizar primeiro para analisar depois. Quem poderia, em sã consciência, defender algo que já vinha com o apelido de “secreto”, de “pulverizado”, e outros?
A transparência era a bandeira da vez, embora não coubesse aos parlamentares executar ou fiscalizar a despesa. Eram atribuições das polícias, da acusação pública e dos tribunais. Mas não eram eles mesmos que, agora, emparedavam a assembleia? A pressão colocada foi tanta que ganharam por WO.
Para ser justo, um parlamentar tentou, certa vez, trazer a conversa para o campo da legitimidade. Afinal, se ele pedida…
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