Leonardo Barreto na Crusoé: Bolsonarismo 2.0
Entrada de Pablo Marçal na arena leva a perguntar se é possível um bolsonarismo sem Bolsonaro, ou um bolsonarismo apesar do ex-presidente
Em sua coluna semanal para Crusoé, Leonardo Barreto traz em sua coluna uma comparação de Pablo Marçal com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pablo Marçal pode não ser Jair Bolsonaro, mas ambos são representantes do mesmo fenômeno político e os eleitores sabem disso. Uma ilustração disso, por mais paradoxal que possa aparecer, é o desembarque de bolsonaristas da campanha de Ricardo Nunes.
Para eles, trair a orientação de voto do ex-presidente é uma forma de manter-se fiel ao movimento que ele lidera, como disse um seguidor fiel esses dias: “o nosso povo não é bobo. Todo mundo percebeu que o Bolsonaro apoiou o (Ricardo) Nunes sem convicção porque é um tonto que acha que precisa agradar ao Valdemar (Costa Neto, presidente do PL). Aí abriu espaço para um contestador à direita. Agora já era. É o M.”
Diante disso, já se pergunta se é possível um bolsonarismo sem Bolsonaro ou, no limite, se pode haver um bolsonarismo apesar do ex-presidente. A primeira questão trata de um eventual herdeiro político, situação objetiva que, até agora, se apresenta para 2026, considerando seu impedimento legal de concorrer. A segunda é sobre uma eventual perda de controle dos eleitores de direita.
Para começar essa análise, é preciso primeiro lembrar que Bolsonaro não é Lula. Isso significa dizer que, ao contrário do que ocorre no espectro da esquerda, no qual o petista detém o monopólio da liderança, o campo da direita está pouco consolidado em matéria de oferta de candidatos e partidos. Ou seja, há uma avenida para novidades e outros atores e Bolsonaro pode ser lembrado que ele não criou a onda que o levou até a presidência em 2018, embora tenha sabido aproveitá-la.
Nesse sentido, Marçal talvez possa até dispensar Bolsonaro se tiver características que o conectem mais com o espírito da direita. Há algumas vantagens no ex-coach goiano que chamam atenção. A primeira é a diferença geracional, não pela questão da idade, mas porque Marçal, ao contrário do ex-presidente, não traz o peso da participação no regime militar, sempre uma pesada fonte de rejeição que o ex-presidente carrega.
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