Leia os principais trechos da entrevista de Luis Miranda ao Roda Viva
Luis Miranda deu novamente a entender hoje que a conversa que teve com Jair Bolsonaro para denunciar um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde foi gravada. "Eu não gravei o presidente, mas não estava sozinho na sala", disse o deputado federal em entrevista ao Roda Viva...
Luis Miranda deu novamente a entender hoje que a conversa que teve com Jair Bolsonaro para denunciar um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde foi gravada. “Eu não gravei o presidente, mas não estava sozinho na sala”, disse o deputado federal em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Miranda afirmou em outro momento do programa que, caso tentassem desmenti-lo no caso, que vai “clamar a quem me ama” para que ele não passe “por mentiroso”.
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, denunciaram um suposto esquema de corrupção na pasta para a compra da vacina indiana Covaxin.
Os irmãos Miranda disseram em primeira mão a O Antagonista que informaram Jair Bolsonaro sobre o caso, mas que o presidente ainda não havia tomado nenhuma atitude.
Leia os principais trechos da entrevista:
Gravação
Luis Miranda disse ter “certeza” do que falou “até agora” e que levou o caso ao presidente porque ele e seu irmão confiavam nele, mesmo ouvindo de muitos “que não deveria confiar em Bolsonaro”.
O deputado negou ter gravado Jair Bolsonaro, mas afirmou que “não estava sozinho na sala” e que nem todo mundo ali “confia” no presidente.
Segundo Miranda, ele, o irmão e Bolsonaro participaram do encontro, mas o ajudante de ordens do presidente Diniz Coelho passou por eles em um momento.
“Não tenho o mesmo caráter que o dele [Bolsonaro], mas o áudio vai mostrar”, disse o deputado ao responder sobre ataques que sofreu na internet.
Atos do presidente
Miranda afirmou aos jornalistas que não está acusando “uma pessoa, mas uma relação contratual” que pode envolver uma “empresa de fachada claramente, que o dono é a Global” e que daria um “prejuízo de R$ 20 bilhões para o Ministério da Saúde”.
Ao denunciar o suposto esquema a Bolsonaro, Miranda disse que o presidente sinalizou que acionaria o delgado-geral da Polícia Federal.
“O único nome que ele fala de forma clara para mim é o do Ricardo Barros”, afirmou Miranda.
Em outro momento da entrevista, o deputado disse que Bolsonaro não tem total controle sobre o Ministério da Saúde e que o chefe da República, em algumas ocasiões, “atende a pedidos que não são interesse” dele próprio.
Centrão pressionou Pazuello
O deputado federal afirmou que o Centrão pressionou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e que isso foi dito pelo próprio general.
Segundo Miranda, Pazuello disse que “estava sofrendo pressões de terceiros” para enviar verbas do Ministério da Saúde para municípios que o general não via motivo para enviar o dinheiro.
Questionado se Pazuello sabia do suposto esquema da Covaxin, Miranda afirmou que “até domingo, ele [Pazuello] não sabia de nada do que era tratado”.
Reação do Planalto às denúncias
Miranda afirmou que “Bolsonaro minimiza a gravidade do assunto” e que, “por meio do Onyx [Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência]“, o acusou de “denunciação caluniosa”.
De acordo com o deputado, o governo e seus aliados usaram “todo o poder que possuem” para pressioná-lo, assim como seu irmão. “Nossa vida foi devassada”, disse.
Luis Miranda ainda provocou o presidente, que mais cedo o acusou de ter cometido um crime pela suposta gravação da reunião entre ambos e Luis Ricardo Miranda.
“O presidente deveria buscar melhor na sua assessoria jurídica”, disse Miranda, complementando não ser crime gravar reunião para “se proteger”.
Oferecimento de propina
Luis Miranda disse que recebeu uma oferta de 6 centavos por dólar em uma compra de vacinas. O deputado então ‘brincou’ que daria voz de prisão a quem lhe fez a proposta e o interlocutor passou a dizer que se tratava de um negócio envolvendo um “grupo empresarial” e que falava com o Miranda “empreendedor”.
De acordo com o deputado, a reunião em que ele esteve faz parte dos “ambientes naturais da política”.
Dossiê
Miranda disse que o dossiê a que se referiu em outras ocasiões é um conjunto de documentos apresentado a ele por seu irmão, Luis Ricardo Miranda, em 2019,“com nomes de pessoas em situações como vemos agora”.
“Eram funcionários do ministério que tinham ações que precisavam ser checadas”, afirmou.
Segundo o parlamentar, assim como no caso da Covaxin, há várias empresas intermediárias envolvidas nos negócios.
Miranda disse ainda que entregou o dossiê à CPI da Covid, mas que o documento foi recusado pelos senadores sob o argumento de que não havia interesse por não ter relação com a pandemia.
Ameaças
O deputado disse que pediu proteção policial à Câmara, mas que o “presidente [Arthur Lira] jogou a responsabilidade para o Depol [Departamento de Polícia Legislativa], que disse que não tem efetivo”.
“Meu irmão também pediu, mas ele teria que abrir mão da liberdade pela segurança”, afirmou.
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