L. Barreto na Crusoé: Há razões estruturais para a perda de popularidade de Lula?
O PT simplesmente não tem candidaturas competitivas na quase totalidade das capitais
Nova pesquisa do Instituto Paraná publicada em março reforçou a tendência de queda da popularidade do presidente Lula: 48,8% desaprovam sua gestão enquanto 46,6% se sentem satisfeitos. Entre agosto de 2023 e março de 2024, quem classifica o governo como ruim ou péssimo subiu 10 pontos, e quem o entende como ótimo ou bom caiu os mesmos 10 pontos.
O espanto demonstrado pela maior parte dos analistas foi no sentido de tentar explicar como houve queda face os bons números da economia, em especial do emprego. De fato, nesta semana, dados do Ministério do Trabalho mostraram que foram criadas 306 mil novas vagas formais neste mês, especialmente no setor de serviços, o que mais emprega no país.
Em uma primeira análise, publicada aqui mesmo na Crusoé, alertei para a hipótese de que os dados econômicos, embora pareçam bons no agregado, podem esconder realidades mais difíceis. Por exemplo, embora o PIB do ano passado tenha sido forte, ele foi concentrado no primeiro semestre, e a última parte do ano foi de estagnação. Essa avaliação continua valendo.
Entretanto, é preciso agregar uma outra camada de análise neste problema que está ligado à fragilidade do PT e seus significados. Para isso, é necessário olhar o cenário da eleição de prefeitos nas 26 capitais.
O partido sofre crise de popularidade desde 2013. No ano anterior, o PT atingiu o melhor desempenho de sua história com 632 cidades governadas. No ciclo seguinte, em 2016, o número caiu para 254 e em 2020 chegou a 183. Além disso, a agremiação não governa capitais desde 2016.
Em uma primeira olhada nas pesquisas disponíveis, pode ser que esse cenário não mude em 2024. O PT simplesmente não tem candidaturas competitivas na quase totalidade das capitais. As exceções são Goiânia, Porto Alegre, Teresina e Natal, mas sempre em segundo lugar ou empatado na primeira posição com outra candidatura conservadora. Os partidos que mais lideram pesquisas são os conservadores PSD, União Brasil e PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Outros partidos de esquerda também performam mal. O PSB é favorito apenas no Recife, com João Campos, o PSOL corre risco de perder Belém para o PL e está empatado em primeiro lugar com o MDB em São Paulo. O PDT está em desvantagem em Fortaleza.
Há pelo menos duas leituras que esses dados podem sugerir. A primeira é a de que Lula seria como uma árvore enorme com raízes frágeis. Traduzindo para a política, a falta de capilaridade do PT deixa Lula desprotegido, sem ter quem o defenda, obrigando-o a terceirizar esse trabalho para outros partidos com os quais possui uma relação de desconfiança.
A segunda leitura vem da pergunta:…
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