Juscelino favorece aliado com concessão de 31 retransmissoras de TV
O Ministério das Comunicações, de Juscelino Filho (União-MA, foto), concedeu 31 retransmissoras de TV a um aliado do ministro no Maranhão em um período de cinco a oito meses...
O Ministério das Comunicações, de Juscelino Filho (União-MA, foto), concedeu 31 retransmissoras de TV a um aliado do ministro no Maranhão em um período de cinco a oito meses, registrou o Estado de S. Paulo. Um levantamento realizado pelo jornal mostra que nenhuma outra emissora foi contemplada com tantos pedidos do mesmo tipo em 2023.
As retransmissoras foram concedidas à TV Difusora, propriedade do advogado Willer Tomaz de Souza, compadre do senador Weverton Rocha (PDT-MA), aliado do ministro.
Segundo o jornal, o responsável na pasta pela área que aprova esses pedidos é ex-sócio do dono da Difusora.
Das 31 solicitações atendidas por Juscelino, 27 são para cidades localizadas na Amazônia Legal, onde as retransmissoras podem ter conteúdos informativos e publicitários locais, o que as torna mais lucrativas.
Além disso, a ampliação do sinal da TV Difusora pelo Maranhão pode ser uma forma do ministro e políticos aliados divulgarem suas ações. Em janeiro, quando foi nomeado ministro por Lula, Juscelino foi retratado pela emissora como “nosso querido Juscelino Filho”.
“Durante duas semanas, o Estadão identificou todas as autorizações de serviço de retransmissão de TV, em caráter primário e secundário, concedidas por Juscelino em 2023. As medidas que beneficiaram a emissora do grupo do ministro e de Weverton tramitaram por um período entre cinco a oito meses. Enquanto isso, há pedidos protocolados entre 2019 e 2022 aguardando deliberação, em diferentes fases”, afirmou o jornal.
A TV Difusora é a primeira emissora de TV do Maranhão e já foi comandada pela família do ex-senador Edison Lobão (MDB-MA). Segundo o Estadão, a rede foi arrendada para Weverton em 2016 e depois vendida para Willer Tomaz, compadre do parlamentar. Padrinho da indicação de Juscelino ao governo, o senador nega que tenha arrendado a Difusora.
Willer Tomaz já foi descrito pela emissora como acionista do grupo e presidente do Conselho do Sistema Difusora. Na Receita Federal, a Difusora está sob controle da irmã de Tomaz, Christine Tomaz de Souza, e da empresa Difusora Comunicação S/A.
De acordo com o jornal, a irmã do advogado assinou ao menos sete pedidos de retransmissão da Difusora enviados ao Ministério das Comunicações em 2023. As solicitações foram endereçadas às áreas competentes da pasta, incluindo o Departamento de Radiodifusão Privada, comandado por um ex-sócio de Willer.
Ao jornal, o Ministério das Comunicações afirmou que os processos da TV Difusora foram analisados junto com outros e que o tratamento mais célere se deve ao fato de ser um canal de rede exclusiva, sem concorrência. Porém, é importante ressaltar que as liberações foram para os canais 38, 39, 41 e 42, enquanto a Difusora só tem rede no canal 38 do Maranhão.
O ministério também informou que existem 9.650 pedidos em tramitação e que as análises dos processos são pautadas em critérios técnicos. Somente após a análise técnica, os processos são enviados para o ministro decidir sobre as aprovações.
O CEO da TV Difusora, Leo Felipe, afirmou que a meta da emissora é promover a maior integração possível dos municípios maranhenses e cobrir 100% do território. Ele também ressaltou que as entrevistas com o ministro foram realizadas dentro do âmbito ético do bom jornalismo e com ampla cobertura de todos os veículos de comunicação locais.
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