Josias Teófilo na Crusoé: De Ouro Preto a Brasília
Sobre uma cidade colonial feita pelo caminho das mulas e uma cidade moderna desbravada pelos trabalhadores e pelas máquinas
Em sua coluna semanal para Crusoé, Josias Teófilo traz nesta edição uma análise sobre a cultura interiorana do Brasil. Ele faz um comparativo de, por exemplo, Ouro Preto com as regiões mais procuradas pelos turistas. E te leva a uma viagem de muita história e contos sobre essas regiões “menos badaladas”.
Tradicionalmente, a imagem do Brasil, ou sua identidade cultural, esteve ligada ao litoral: especialmente à antiga capital, o Rio de Janeiro – sede dos cartões-postais e cenário da música brasileira que o mundo conhece. Menos conhecida, porém, é a cultura interiorana do Brasil, cenário de lutas seculares, do desbravamento colonizador e de uma religiosidade bastante original em sua expressão artística. Nesse contexto, Ouro Preto e as cidades do entorno são um verdadeiro centro irradiador.
Só Brasília viria a ser, à sua maneira e séculos depois, outro centro irradiador de cultura, consagrando o modernismo brasileiro e tendo aqui um último grande suspiro do modernismo no mundo.
Tanto Ouro Preto como Brasília foram, à sua maneira, lugares que atraíram rapidamente migração em massa que se instalou precariamente, tiveram seus mitos fundadores, foram marcadas pelo desenvolvimento tardio de um estilo originário da Europa e povoaram, em épocas distintas, o interior do Brasil. Por outro lado, se opõem diametralmente: uma cidade colonial feita pelo caminho das mulas (que carregavam o ouro), outra cidade moderna desbravada pelos trabalhadores e pelas máquinas, com um plano claro e objetivo, saído do projeto de um só homem – Lucio Costa.
Há um comentário feito pelo escritor Aldous Huxley (autor do livro Admirável Mundo Novo), na ocasião da construção de Brasília: “Vim de Ouro Preto para Brasília. Que jornada dramática através do tempo e da história! Uma jornada de ontem para o amanhã, do que terminou para o que vai começar, das velhas realizações para as novas promessas”.
Lucio Costa, autor do projeto de Brasília, foi também um estudioso da arquitetura barroca brasileira, considerada por ele como a gênese da arquitetura nacional. O próprio discurso modernista teve vínculo indissociável com a arquitetura colonial. Para ele, Ouro Preto é a mais interessante das cidades brasileiras, e chegou a visitar o sul da Alemanha para conhecer as igrejas barrocas entre o Danúbio e os Alpes, que, segundo ele, se assemelham esteticamente às de Aleijadinho.
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