Josias Teófilo na Crusoé: A defesa contra o caos
Nesta edição da revista Crusoé, Josias Teófilo fala em sua coluna sobre as formas que os brasileiros conseguiram desenvolver no planejamento urbano para lidarem com forças da natureza.
Nesta edição da revista Crusoé, Josias Teófilo fala em sua coluna sobre as formas que os brasileiros conseguiram desenvolver no planejamento urbano para lidarem com forças da natureza.
Mário Pedrosa escreveu que os críticos de arte estrangeiros quando vinham para o Brasil (este país longínquo) traziam consigo algumas opiniões dogmáticas sobre a arte brasileira. Chegavam procurando os papagaios, as cores berrantes, os índios, as florestas, as narrativas pitorescas. “Se encontram, aprovam, satisfeitos; se não encontram, não conseguem esconder o despeito”, diz ele num texto no Jornal do Brasil de 1959, compilado no livro Acadêmicos e Modernos (Editora Edusp).
Até que surgiu um crítico, um certo senhor Jorge Lampe, do jornal Die Presse de Viena, que conseguiu observar um paradoxo fundamental da arte moderna brasileira. Ele observou que predominava o chamado abstracionismo geométrico. Referia-se a obras de Portinari, Di Cavalcanti, Volpi, Serpa, Dacosta, Décio Vieira, Lygia Clark.
Jorge Lampe se pergunta: “Como pode tal tendência crescer a ponto de dominar a produção artística de um povo que vive num meio subtropical, no qual a natureza ameaça?”. E ele mesmo responde: “A não ser que tenha sido precisamente como reação ou defesa contra esta circunstância ameaçadora, e contra o caos barulhento”.
Mário Pedrosa conclui sobre o comentário de Lampe: “Eis aí uma intuição realmente luminosa”. E mais: “O crítico atinge em cheio o que há de mais enigmático e também de mais original, de mais especificamente brasileiro, de mais vernáculo, na produção artística e cultural do país”. E ainda faz um paralelo com a arquitetura moderna brasileira, que também tem uma profunda coesão e pode ser relacionada ao abstracionismo geométrico, e já era consagrada àquela altura.
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