José Nêumanne na Crusoé: Lula avaliza ditadura e genocídio na África
A pretexto de combater a fome, “democrata do amor” ignora tirania militar no Egito, vizinho à Palestina, e massacre da etnia Tigré na Etiópia
Em sua coluna para Crusoé desta semana, José Nêumanne Pinto aborda um dos principais temas da semana que é a viagem de Lula para o Egito e também os novos integrantes africanos do Brics.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como de hábito, dá toda a fé e bilhões que deveriam combater a miséria e a violência em nossos tristes trópicos para integrar dois novos amigões africanos no Brics, que não se resume mais a Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul: Egito e Etiópia. A primeira parada dessa generosidade descabida foi um privilegiadíssimo passeio turístico de matar de inveja a alta burguesia, que despreza e desconhece as necessidades vitais dos patrícios miseráveis, em teoria seu alvo preferencial. Nem é desejada pelos pobres de Cristo. E o faz uma semana após rasurar a primeira mulher morta, Marisa, da história do Partido dos Trabalhadores, num esquecimento que só pode receber a definição de infame. Ele até poderia ter encontrado algum meio de substituir a mãe de sua prole pela atual ocupante de seu tálamo, mas, se não lhe falta despudor, não parece lhe sobrar coragem. Tanto falta que, após a primeira bronca levada do filho Luís Cláudio Lula da Silva e de alguns militantes, que nunca se esqueceram da bandeira vermelha bordada com uma estrela costurada pela genitora, fez de conta que nada tinha a ver com o oblívio e que tudo não passou de uma falha de memória. Sigmund Freud caracterizaria o fato mais apropriadamente como lapsus linguae (engano de linguagem) no livro Psicopatologia da Vida Cotidiana. Se bem que esse hábito de deixar mortos diletos em cova rasa parece mais um costume do que propriamente um deslize mental. A enquanto viva inesquecível Rosângela liderou a frota de automóveis de luxo que conduziu a privilegiatura da casta própria aos despojos de faraós e outros antigos.
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