Jimmy Carter pressionou ditadura militar por redemocratização no Brasil
Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos de 1977 a 1981, faleceu aos 100 anos, encerrando uma trajetória que combinou altos e baixos na Casa Branca com um legado de avanços nos direitos humanos e diplomacia. Durante seu mandato, Carter desempenhou um papel significativo nas relações com o Brasil, adotando uma postura inédita para um presidente...
Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos de 1977 a 1981, faleceu aos 100 anos, encerrando uma trajetória que combinou altos e baixos na Casa Branca com um legado de avanços nos direitos humanos e diplomacia.
Durante seu mandato, Carter desempenhou um papel significativo nas relações com o Brasil, adotando uma postura inédita para um presidente americano: confrontar a ditadura militar pela defesa dos direitos humanos. Essa abordagem gerou tensões, mas também contribuiu para acelerar o processo de transição democrática no país.
Carter colocou a defesa dos direitos humanos no centro de sua política externa, algo que encontrou forte resistência do governo do general Ernesto Geisel. Relatórios sobre tortura e repressão no Brasil ganharam destaque nos debates internos do governo americano, e Carter enviou Patricia Derian, subsecretária de Direitos Humanos, para pressionar diretamente os militares brasileiros pela libertação de presos políticos e pelo fim das práticas autoritárias.
Em resposta, Geisel acusou os Estados Unidos de “intervencionismo” e suspendeu parte da cooperação militar com Washington. A relação entre os dois países atingiu seu pior momento na década de 1970, com trocas de acusações diplomáticas frequentes. Ainda assim, Carter manteve o foco em sua estratégia de pressionar por mudanças, o que ajudou a dar legitimidade internacional às críticas à ditadura.
Tanto Carter quanto sua esposa Rosalynn visitaram o Brasil em momentos-chave. Rosalynn, em 1977, reuniu-se com defensores dos direitos humanos e ouviu denúncias de tortura. Carter, em 1978, optou por uma abordagem mais cautelosa, mas reforçou a simbologia ao se encontrar com líderes críticos ao regime, como o cardeal d. Paulo Evaristo Arns.
Esses gestos ecoaram no cenário político interno, fortalecendo movimentos que já pressionavam por mais liberdade e justiça. Segundo analistas, a postura de Carter acelerou o processo de redemocratização, ao reforçar o apoio internacional às demandas por reformas.
Outro ponto de atrito entre Carter e o governo brasileiro foi o acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, firmado em 1975. Carter se opôs ao programa, temendo que o Brasil adquirisse capacidade de enriquecer urânio e processar plutônio, o que poderia desestabilizar a região.
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