Jerônimo Teixeira na Crusoé: Em defesa da indignação seletiva
Você não precisa declarar solidariedade a todo povo sofredor da Terra, nem ter sempre uma opinião firme sobre os conflitos do dia. Basta ser honesto nas causas que escolher
Em sua coluna semanal para Crusoé, Jerônimo Teixeira destaca nesta edição uma aula, que aconteceo nos Estado Unidos, intitulada “Hitler, Stalin e nós” quando a sala foi invadida por cerca de dez manifestantes portanto cartazes.
Comunistas impediram Timothy Snyder de dar aula. Aconteceu no final do mês passado, em Yale, onde o autor de Na Contramão da Liberdade leciona. O historiador apresentava a seus alunos uma conferência intitulada “Hitler, Stalin e nós” quando a sala foi invadida por cerca de dez manifestantes portando cartazes. Eram membros de um tal Partido Comunista Revolucionário. Há um vídeo do incidente, feito por um dos invasores. Parecem ser todos jovens, com exceção de seu líder, Raymond Lotta, um senhor meio calvo, de óculos grandes e bigode grisalho, que anunciou: “Hoje não vai ter a aula de sempre”.
Como tantas sandices das universidades de elite americanas (e que às vezes são macaqueadas em instituições brasileiras – por exemplo, a Universidade Federal da Bahia), o caso é ao mesmo tempo grave e ridículo. É grave que o expediente de barrar ideias no grito tenha se consagrado em um ambiente no qual a discussão de ideias opostas deveria ser ampla e livre. E o ridículo do episódio começa pela existência, na segunda década do século 21, de uma agremiação comunista dedicada a limpar a barra de Stalin.
Os comunistinhas ficaram mordidos por Snyder dar uma aula alinhando seu líder eterno a Hitler – como se a dupla não houvesse partilhado a Polônia… Eis o que dizia um dos cartazes carregados pelo grupo: “Hitler matou seis milhões de judeus e Stalin salvou 1,6 milhões de judeus”. Lotta disse aos alunos de Snyder que naquela aula eles estavam sofrendo “lavagem cerebral”, com “mentiras e calúnias sobre o comunismo”…
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