Janaina Paschoal: “Fiz mais pelo Brasil do que quem tem cargo”
Janaina Paschoal foi entrevistada pela jornalista Darlene Dalto, que está escrevendo um livro sobre os bastidores do impeachment...
Janaina Paschoal foi entrevistada pela jornalista Darlene Dalto, que está escrevendo um livro sobre os bastidores do impeachment.
Leia aqui um trecho da entrevista inédita:
O impeachment de Dilma Rousseff completa um ano. Valeu a pena?
Desde pequena, sou apaixonada pelo meu país. Não há militares na minha família, mas eu sempre tive presente o espírito de servir à Pátria. Isso significa que me orgulho do que fiz e faria tudo de novo para salvar a nação do grupo que, mediante uma série de crimes, queria transformar o Brasil em uma Venezuela.
Depois daquele polêmico discurso na São Francisco, a mídia caiu em cima de você: era a louca, a drogada… Pensou em processar alguém?
Eu sou democrática, uma defensora aguerrida da liberdade de manifestação. Se processasse alguém, estaria negando o que ensino em sala de aula. A coerência é algo muito importante para mim. Acho que aquele episódio foi uma oportunidade para testar minhas próprias convicções e eu passei no teste.
Você foi seriamente ameaçada durante o processo de impeachment. Ameaças ainda acontecem?
Sim, ainda recebo cartas com ameaças, mas as demonstrações de amor e reconhecimento são bem mais numerosas. Eu não tenho ideia do número de selfies que ainda tiro, todos os dias, na padaria, no supermercado, nos fóruns.
Passou a lutar krav magá para se defender, não é?
O que se faz para a segurança não se fala. Entretanto, reitero que meu guarda costas é Deus e meu escudo é o manto de Nossa Senhora.
No Senado, quando participava das audiências, você foi aconselhada a ir ao cabelereiro. Conte essa história.
Foi interessante constatar como as pessoas se preocupam com a aparência. Muitos apoiadores do impeachment escreviam dizendo que meu cabelo os incomodava muito. Algumas assessoras do Senado me ofereceram seus cabeleireiros, eles poderiam ir ao hotel. Eu agradecia e me perguntava como, em um momento tão crucial, um ser humano pode gastar tempo com o cabelo. O brasileiro ainda está muito apegado à casca. E a casca apodrece. Também, por isso, o brasileiro se encanta com esses políticos estelionatários e acaba caindo nos golpes daqueles que enriquecem ilicitamente. Eu digo para as minhas alunas, em relação aos seus namorados, vejam se o rapaz estuda e trabalha. O carro, a casa, o nome da família, tudo isso é ilusão. O que não falta no mundo é 171.
Operação Lava Jato: qual é a importância? Vê alguma possibilidade de que ela venha a sofrer algum tipo externo e negativo de ingerência?
Os integrantes da Lava Jato nunca vão reconhecer, mas o processo de impeachment foi essencial para fortalecer a operação e não o contrário, como alguns procuradores alardeiam. Expliquei com clareza a sangria que vinha ocorrendo e como as pedaladas foram utilizadas para maquiar essa sangria. Note que o powerpoint da Lava Jato referente ao papel de Lula no crime organizado veio depois. Por outro lado, ajudar Sérgio Moro também me estimulou a pedir o impeachment. Não nos conhecemos, mas somos da mesma geração. Tenho certeza de que, na faculdade, ele também se comprometeu a usar seus conhecimentos para servir o país. Entendo que a Lava Jato corre risco sim, mas o risco não vem só do Legislativo, mas do Judiciário, que tem o poder de anular tudo com teses sofisticadas, que poucos têm condições de contestar.
Qual a importância do juiz Sérgio Moro?
Não gosto de endeusar seres humanos, nem sempre concordo com o juiz Moro, mas reconheço que sua coragem está sendo determinante para esse processo de depuração que está ocorrendo no país.
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