Impasse sobre relatoria ameaça implodir CPI da Braskem
Bancada de Alagoas resiste à escolha de Renan Calheiros, que é o autor do pedido de abertura da comissão, para relatar o colegiado no Senado
Diante da falta de acordo, senadores adiaram para a tarde desta quarta-feira, 21, a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. O principal impasse se dá em torno da escolha da relatoria do colegiado.
O posto é pleiteado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), autor do requerimento para investigar os danos ambientais causados em Maceió pela empresa petroquímica Braskem. Integrantes da bancada de Alagoas, no entanto, acusam Calheiros de tentar conduzir a CPI por interesses pessoais.
Integrante da CPI, o senador e adversário de Calheiros em Alagoas, Rodrigo Cunha (Podemos) já criticou o emedebista publicamente. “A CPI pode e deve ir para frente sem a figura que vicia e contamina todo o processo investigatório”, disse.
Adversários
A avaliação é de que Calheiros possa usar a CPI politicamente para desgastar o seu principal adversário no estado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A CPI da Braskem vai investigar, por exemplo, a aquisição do Hospital do Coração pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), mais conhecido como JHC e aliado de Lira, no valor de 266 milhões de reais.
Os senadores estiveram reunidos na manhã desta quarta, mas o impasse sobre a relatoria foi mantida. Após o encontro, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ameaçou deixar o posto, caso o entrave sobre a relatoria seja mantido.
“Essa CPI não será específica sobre a cidade de Maceió, sobre Alagoas, ela tem de ser específica ao procedimento [extração de sal-gema]. Não se trata somente de indenização, tem questões muito mais profundas que serão discutidas aqui”, disse Aziz.
Um novo encontro está marcado para às 16h na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O afundamento de Maceió
Em novembro do ano passado, a prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na cidade por 180 dias. À época, a causa era o risco iminente de colapso de uma mina da Braskem, localizada na região da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
As minas localizadas na região são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração, mas que estavam sendo fechadas desde que o SGB (Serviço Geológico do Brasil) confirmou que a atividade realizada pela Braskem provocou o fenômeno geológico na região.
Leia também: As disputas políticas em torno da crise em Maceió
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)