Hospitais são desativados no Rio Grande do Sul
Pelo menos onze hospitais do estado tiveram suas atividades totalmente interrompidas devido à força das águas
O estado do Rio Grande do Sul continua enfrentando sérias consequências das fortes chuvas e inundações que assolam a região desde a semana passada. Com um trágico balanço de 100 mortos e 128 desaparecidos, o estado também lida com uma situação delicada em seu sistema de saúde.
Em entrevista a O Globo, Arita Bermann, secretária de saúde do estado, revelou que pelo menos onze hospitais tiveram suas atividades totalmente interrompidas devido à força das águas.
“Num primeiro momento, na semana passada, oito hospitais foram evacuados. Na segunda leva, no final da semana, dois grandes hospitais na região metropolitana de Porto Alegre foram afetados, como o Pronto Socorro de Canoas. Evacuar os pacientes foi uma verdadeira operação de guerra“, afirmou Arita. “A terceira fase, se é que podemos chamá-la assim, está acontecendo agora. Mais um hospital foi atingido hoje na região de São José do Sul. Em um dos casos, o gerador foi arrastado pela água, uma situação horrível.”
Entre os onze hospitais afetados, há instituições de grande e pequeno porte. Um dos maiores é o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, que atende cerca de 500 pessoas por meio da rede privada e complementar.
“A grande dificuldade não é apenas retirar os pacientes dos hospitais afetados, mas também organizar para onde eles serão encaminhados“, ressaltou Arita ao jornal carioca.
Medidas com urgência
A secretária destacou que há várias situações delicadas que exigem resolução urgente. Por exemplo, é necessário regularizar o transporte de oxigênio líquido por terra e garantir o fornecimento de insumos essenciais, como itens para hemodiálise e enfermagem. “Conseguimos que as empresas fornecedoras enviassem os materiais para a base aérea de Canoas, onde uma equipe da Secretaria de Saúde está colaborando com a distribuição. Só não enfrentamos um caos maior por falta de insumos hospitalares porque montamos uma logística no primeiro dia em que percebemos que haveria bloqueios nas estradas“, explicou Arita.
Ela também expressou preocupação com a força de trabalho nos sistemas de saúde. “As equipes estão exaustas, há profissionais que não conseguem nem chegar ao trabalho e outros perderam tudo. Estamos contando com o apoio da força nacional do SUS e com recursos humanos de todo o país. São tantas equipes que ainda não tenho o número exato de novos profissionais que se juntaram a nós. Além disso, temos recursos do tesouro estadual para ampliar as equipes de saúde mental nas áreas mais afetadas e para os hospitais interditados total ou parcialmente, além dos serviços de retaguarda.”
Devido à instabilidade climática, é difícil prever como serão os próximos dias. “A previsão para os próximos dias é muito preocupante, com temperaturas baixas e mais chuvas. O que temos agora é apenas um retrato do momento presente, que não se repete ao longo do tempo“, concluiu a secretária.
Ações do governo gaúcho
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) destacou que a estratégia do governo é alertar a população sobre a gravidade da situação e garantir os serviços essenciais nos abrigos públicos, como abastecimento de água, saneamento básico, energia elétrica, alimentos e cobertores. Doações de cobertores e roupas de inverno são bem-vindas. O governo também está apoiando os municípios na recuperação dos serviços afetados pela inundação.
O governador anunciou a liberação de R$ 200 milhões em recursos emergenciais. Deste montante, R$ 70 milhões serão destinados aos municípios, R$ 50 milhões para auxiliar 20 mil famílias afetadas pelo programa “Volta por cima”, R$ 10 milhões para hospitais atingidos, R$ 40 milhões para recuperação e desobstrução de obras e R$ 30 milhões para auxiliar 75 mil famílias com o aluguel social.
O estado também contará com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública, que enviará um efetivo de 400 homens para reforçar a segurança pública. Além disso, a Brigada Militar convocará policiais aposentados para atuar nos abrigos.
Enquanto o lago Guaíba levará cerca de 30 dias para voltar ao nível normal, o transporte por meio de balsas e lanchas entre São José do Norte e Rio Grande está suspenso devido ao aumento do nível da Lagoa dos Patos.
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