Hacker teria agido somente 17 dias após divulgação do TrateCov
Na semana passada, como noticiamos, tentando minimizar a criação da plataforma TrateCov, que prescrevia cloroquina para pacientes com Covid, Eduardo Pazuello disse na CPI da Covid que a iniciativa não chegou a ser implementada e culpou um hacker por sua divulgação...
Na semana passada, como noticiamos, tentando minimizar a criação da plataforma TrateCov, que prescrevia cloroquina para pacientes com Covid, Eduardo Pazuello disse na CPI da Covid que a iniciativa não chegou a ser implementada e culpou um hacker por sua divulgação.
“Foi hackeado. Existe um boletim de ocorrência, uma investigação que chega nessa pessoa. Ele pegou esse diagnóstico, botou, alterou, com dados lá dentro, e colocou na rede pública”, disse Pazuello aos senadores.
Pazuello mentiu.
Primeiro, porque, como também já noticiamos, em reportagem de janeiro deste ano, a TV Brasil, emissora do governo federal, noticiou o lançamento do aplicativo. Não só: informou que ele já estava sendo usado em Manaus e ouviu um médico sobre sua experiência com a plataforma.
Agora, um documento acessível via Lei de Acesso à Informação desmonta ainda mais a versão apresentada pelo ex-ministro da Saúde, que deverá voltar à CPI.
Segunda uma nota técnica elaborada pela secretaria do Ministério da Saúde comandada por Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”, uma suposta ação hacker teria ocorrido em 28 de janeiro deste ano (veja imagem abaixo).
“Informamos que na madrugada do dia 28/1/21 foi identificada uma possível disponibilização não autorizada da Plataforma Digital TrateCov Brasil. Assim, foram adotadas as medidas internas cabíveis, como a comunicação à autoridade responsável desta pasta ministerial e realizado por esse Departamento boletim de ocorrência para apuração dos crimes praticados pela internet, invasão de dispositivo informático”, diz o texto, assinado por Vinícius Nunes Azevedo, subordinado de Mayra Pinheiro.
Ora, a plataforma TrateCov foi divulgada para profissionais de saúde do Amazonas em 11 de janeiro, portanto, 17 dias antes da data em que o ministério alega que houve possivelmente a “disponibilização não autorizada” da plataforma.
A “Capitã Cloroquina” estará amanhã na CPI da Covid. Ela poderá tentar explicar por que um hacker teria agido após a divulgação da plataforma e, inclusive, após a sua retirada do ar — uma semana antes do dia 28.
Leia abaixo duas mensagens postadas no Twitter pelo Ministério de Saúde sobre o TrateCov em 13 e 14 de janeiro. Segundo a nota técnica da pasta, o tal hacker só teria agido no dia 28.
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