Felipe D’Avila quer unir “direita sensata” com “esquerda inteligente”
Na frente ampla de direita idealizada pelo cientista político e ex candidato à presidência pelo partido Novo, não cabe a direita antiliberal, também chamada por ele de “direita chucra”
Em entrevista ao jornal Estadão, o cientista político Luiz Felipe D’Avila, de 60 anos, candidato do Novo à Presidência em 2022, falou sobre seu novo livro Vire à direita, Siga em frente – Manifesto da direita sensata para derrotar a esquerda (Ed. Edições 70) e se colocou como um articulador disposto a unir o que chama de “direita sensata” a fim de evitar tirar o PT do poder em 2026:
“Se o governo petista continuar a partir de 2027, vai ser um desastre”, alerta Felipe D’Avila. Ele admite que na eleição de 2022 a direita “elegeu um populista para a Presidência da República”, mas julga que há hoje muitos nomes “com foco na pauta da direita sensata.”
Por direita sensata, D’Avila entende “a direita que acredita na liberdade econômica e na liberdade individual como pilares do desenvolvimento e da prosperidade”, que “tem o compromisso de combater os três males que afligem o País, que são o populismo, o nacional-estatismo e o Estado ineficiente” e cuja pauta “é fazer o Brasil acreditar no mercado e deixar os empreendedores trabalharem, para a economia voltar a crescer e a gente reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida da população.”
A direita chucra
Na frente ampla de direita idealizada pelo cientista político, não cabe a direita antiliberal, também chamada por ele de “direita chucra”. Assim como a esquerda retrógrada, essa direita acredita que “nacionalismo econômico, fechamento da economia, proteção à indústria nacional e subsídio do governo é o jeito de gerar o crescimento da economia.”
A intersecção entre a pauta da direita chucra e da esquerda retrógrada estaria principalmente na falácia “de que o Estado precisa tutelar o mercado, regular o mercado, porque senão a ganância e a ambição do setor privado vão distorcer tudo.”
Pauta de costumes não é prioridade
Ao ser questionado sobre como enquadraria o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, D’Avila afirmou:
“É preciso reconhecer que muitas reformas importantes para o desenvolvimento do País avançaram no período do Bolsonaro. Nós aprovamos a reforma da Previdência, a independência do Banco Central, a Lei de Liberdade Econômica, a Lei do Gás, o novo marco do saneamento, a Lei das Startups.
No fim do governo Bolsonaro, esse grupo teve de fazer concessões. A direita chucra teve uma interferência no governo que me preocupou. A PEC-Kamikaze foi um momento absurdo. O calote dos precatórios, também. Depois, houve os furos no teto de gastos com o orçamento secreto. Outra coisa é que muita gente que faz parte desse grupo dá uma importância muito grande à pauta de costumes. Nós temos que definir prioridades. Isso não vai trazer crescimento econômico para o Brasil, não vai resolver as questões estruturantes do Estado brasileiro”.
A “esquerda inteligente” é bem-vinda
No bonde da “direita sensata” que Felipe D’Avila a ajudar a deslanchar cabe também forças de centro e centro-esquerda: “cabem as pessoas sensatas de esquerda e de direita”. Cabe a “esquerda inteligente” que, segundo D’Avila, “era a antiga esquerda do PSDB, do Fernando Henrique” que “quebrou o monopólio da Petrobras, fez a privatização das telecomunicações e da Vale, começou um programa importante de reformas, nos anos 1990”.
“Nós temos uma liderança de centro-esquerda que entende a importância da economia de mercado para gerar riqueza. Então, se houver esse diálogo da esquerda inteligente com a direita sensata, o Brasil só tem a ganhar com isso”, concluiu.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)