Exclusivo: governo de SP avisou Pazuello em dezembro sobre colapso em leitos de UTI
O ministro Eduardo Pazuello foi avisado ainda no começo de dezembro pelo governo de São Paulo sobre a demora na habilitação de leitos de UTI e a iminência de um colapso. Documentos obtidos por O Antagonista por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que o Ministério da Saúde recebeu ofício sobre essa situação no fim do ano passado...
O ministro Eduardo Pazuello foi avisado ainda no começo de dezembro pelo governo de São Paulo sobre a demora na habilitação de leitos de UTI e a iminência de um colapso.
Documentos obtidos por O Antagonista por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que o Ministério da Saúde recebeu ofício sobre essa situação no fim do ano passado.
João Doria tornou a situação pública em 5 de fevereiro. O governador acusou o ministério de desabilitar 3 258 leitos de UTI no estado por ‘viés político’, mas não mostrou provas do que dizia na ocasião.
Doria e outros governadores recorreram ao STF para obrigar o governo federal a custear leitos de UTI para pacientes com Covid-19. No fim de fevereiro, Rosa Weber concedeu uma liminar nesse sentido.
Em 1º de março, Doria cumprimentou a ministra pela decisão, mas na última sexta (5) voltou a cobrar de Pazuello seu cumprimento.
Os documentos obtidos por O Antagonista mostram que, quase dois meses antes de Doria levar a situação a público, seu secretário de Saúde já falava da urgência dos leitos de UTI com o ministro Pazuello.
Em ofício enviado em 7 de dezembro ao ministro Pazuello, a Comissão Intergestores Bipartite do Estado de São Paulo enviou um mapa de hospitais e leitos a serem habilitados. Na carta, lê-se este trecho: “Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a importância e a urgência nos tramites (sic) de habilitação e prorrogações de habilitações dos leitos ainda pendentes neste Ministério, considerando o atual cenário em (sic) que nosso Estado enfrenta contra a pandemia de COVID-19, visando garantir os recursos necessários, para a assistência aos pacientes sem que haja o colapso do sistema de saúde”.
Esse ofício é assinado pelo secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, e por Geraldo Reple Sobrinho, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo.
Não foi a única comunicação a Pazuello sobre os leitos de UTI. Em 26 de janeiro, Jean Gorinchteyn enviou novo ofício, dizendo: “(…) [O]s gestores enfrentam grandes dificuldades na sua manutenção e financiamento, agravados, neste momento, pelo fato do Ministério da Saúde não garantir suas habilitações e prorrogações de habilitações, em tempo oportuno”.
O secretário acrescentou: “Portanto, do total de leitos ATIVOS, funcionando e atendendo, apenas 31% estão habilitados e vigentes pelo MS, com o respectivo financiamento federal”.
Nesse texto, Gorinchteyn pediu a Pazuello a liberação imediata para habilitar 3 363 leitos de UTI para pacientes adultos com Covid-19, 124 pediátricos e 523 leitos de suporte ventilatório pulmonar (SVP).
Gorinchteyn enviou novo ofício semelhante – o terceiro sobre o assunto – em 2 de fevereiro, ainda antes de Doria trazer a situação a público.
Em 15 de fevereiro, em 19 de fevereiro e de novo em 1º de março, Gorinchteyn enviou outros ofícios semelhantes a Pazuello sobre a situação dos leitos de UTI.
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