Estudo confirma vantagens de dose de reforço diferente em quem tomou Coronavac
A pesquisadora Sue Ann Clemens disse nesta sexta (17) que um estudo conduzido no Brasil confirma a decisão do Ministério da Saúde de aplicar uma dose de reforço de vacina diferente em quem tomou Coronavac. "Focando agora nos resultados dos anticorpos neutralizantes, cerca de 80% dos indivíduos do...
A pesquisadora Sue Ann Clemens disse nesta sexta (17) que um estudo conduzido no Brasil confirma a decisão do Ministério da Saúde de aplicar uma dose de reforço de vacina diferente em quem tomou Coronavac.
Clemens foi apresentada pelo Ministério da Saúde no fim de julho como coordenadora de um estudo inédito para avaliar a necessidade de uma terceira dose de vacina em quem tomou Coronavac (e apenas Coronavac). Na época do anúncio, a AstraZeneca já era a vacina mais aplicada no Brasil, com a Coronavac em segundo lugar.
O estudo foi anunciado com a participação de 1.200 pessoas que haviam tomado a 2ª dose da Coronavac há pelo menos seis meses. Elas foram distribuídas em quatro grupos diferentes: cada uma tomou como dose de reforço uma vacina distribuída no Brasil (AstraZeneca, Janssen, Pfizer ou uma terceira dose de Coronavac).
“Focando agora nos resultados dos anticorpos neutralizantes, cerca de 80% dos indivíduos do estudo não apresentavam anticorpos neutralizantes detectáveis para as cepas circulantes no Brasil, as cepas Delta e Gama”, disse Clemens, em pronunciamento à imprensa transmitido pelo canal do Ministério da Saúde no YouTube.
“Foi aplicada então uma dose de reforço. 28 dias depois nós coletamos sangue. E o que nós verificamos? Nós observamos que todas as vacinas estimularam o sistema imune. Então nós verificamos um aumento do título de anticorpos total, e um aumento do título de anticorpos neutralizantes. Entretanto, há diferença nesses resultados mediante os diferentes grupos das vacinas. As vacinas da AstraZeneca, Janssen e Pfizer induziram a formação de anticorpos neutralizantes em adultos e idosos. A vacina Coronavac induziu a formação de anticorpos em apenas dois terços dos idosos”, acrescentou.
“A Coronavac aumentou em sete vezes o título de anticorpos neutralizantes. A Janssen aumentou em 61 vezes. A da AstraZeneca aumentou em 85 vezes. E a Pfizer aumentou em 175 vezes”, continou a pesquisadora.
Não há ainda correlato de proteção, ou seja, uma resposta imune estatisticamente relacionada a proteção real da vacina. A efetividade da vacina é determinada em estudos de ‘mundo real’, comparando com pessoas não vacinadas. É o que fez a Fiocruz, por exemplo.
“O reforço com a plataforma heteróloga, e dentre elas a de RNA mensageiro [vacina da Pfizer ou da Moderna, esta inexistente no Brasil], realmente suscita uma maior resposta imune”, acrescentou Clemens.
Desde o mês passado, já está valendo orientação do Ministério da Saúde para aplicar dose de reforço em todos os adultos, “preferencialmente” com a vacina da Pfizer, sendo as vacinas da AstraZeneca e Janssen também aceitas. Uma 3ª dose de Coronavac já estava descartada.
Em setembro, João Doria e sua equipe insistiam na Coronavac como opção para dose de reforço.
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