ENTREVISTA: “Nossa performance não é boa e aparentemente não vem melhorando”
Na entrevista exclusiva a O Antagonista, Nelson Teich, ex-ministro da Saúde, disse que a performance da vacinação contra a Covid-19 no Brasil "não é boa e aparentemente não vem melhorando"...
Na entrevista exclusiva a O Antagonista, Nelson Teich, ex-ministro da Saúde, disse que a performance da vacinação contra a Covid-19 no Brasil “não é boa e aparentemente não vem melhorando”.
Ele afirmou que, apesar dos problemas das variantes, as vacinas comprovadamente funcionam e, por isso, “existe luz no fim do túnel”. Mas não é essa a questão.
“A questão é quanto o sistema vai conseguir ser competente o bastante para conduzir da forma mais eficiente, encurtando ao máximo o tempo até o controle da pandemia e reduzindo ao máximo o número de perdas e a morbidade de curto e longo prazo.”
Teich disse ser evidente que o programa implantado pelo governo federal está tendo dificuldades para conduzir a vacinação na velocidade necessária. Segundo ele, “isso já era esperado”.
“O PNI [Programa Nacional de Imunização] vem tendo dificuldades nos últimos anos para entregar as metas programadas e a logística da vacinação para Covid-19 é mais complexa e sobrecarrega o programa que tem que manter as vacinações anteriores. Não podemos subestimar as dificuldades de um programa de vacinação da Covid-19. Vamos ter um PNI sobrecarregado da mesma forma que tivemos o Sistema Único de Saúde sobrecarregado.”
Quando questionado se acredita que o governo Bolsonaro está mesmo fazendo de tudo para garantir a vacinação em massa, ele respondeu:
“O que temos hoje é que comparado com países que tiveram um controle mais adequado da Covid-19 e tiveram uma postura mais agressiva em relação as vacinas, nossa performance não é boa e aparentemente não vem melhorando.”
O ex-ministro reforçou que a pandemia “não tem uma data certa para acabar e isso pode demorar”.
“A evolução é imprevisível e, por esse motivo, temos que tratar este momento da mesma forma que deveríamos ter tratado o começo da pandemia. O surgimento das variantes mostra como é instável a situação e quanto o preparo para este momento demanda uma capacidade de conduzir em situação marcada por incerteza, desconhecimento, cansaço e angústia.”
Teich aproveitou para fazer um alerta:
“Mudanças no vírus e no comportamento das pessoas podem levar a situações difíceis mesmo em locais previamente vistos como competentes na condução da pandemia. Não pode relaxar nunca.”
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