ENTREVISTA: “Estou esperando Bolsonaro me ligar a qualquer momento”, diz presidente do Patriota
Jair Bolsonaro voltou a dizer que pode se filiar ao Patriota, o antigo PEN, Partido Ecológico Nacional. O presidente da República precisará de uma legenda para concorrer à reeleição no ano que vem. Leia a íntegra da entrevista exclusiva com Adilson Barroso, presidente nacional do partido...
Jair Bolsonaro voltou a dizer que pode se filiar ao Patriota, o antigo PEN, Partido Ecológico Nacional. O presidente da República precisará de uma legenda para concorrer à reeleição no ano que vem.
No fim de 2017, Bolsonaro chegou a assinar a ficha de filiação ao Patriota, antes de acabar selando uma aliança com o PSL. Em entrevista exclusiva a O Antagonista, Adilson Barroso, presidente nacional da legenda, disse que uma eventual nova filiação de Bolsonaro será “um milagre”. “Eu estou esperando ele me ligar a qualquer momento.”
Barroso também afirmou que não guarda mágoas do presidente e que conseguiu perdoar Gustavo Bebianno, o responsável por levar Bolsonaro para o PSL — Bebianno morreu em março do ano passado, de infarto.
O presidente partidário aproveitou para dizer que, no entender dele, “não tem uma denúncia de corrupção” no atual governo e chamou de “especulação” um provável rateio do fundo partidário com bolsonaristas.
Leia a íntegra da entrevista:
Jair Bolsonaro vai para o Patriota?
Eu não tenho essa certeza ainda, a não ser pela fé.
Mas o senhor diria que ele está com um pé no partido?
Eu diria hoje que eu, presidente nacional do Patriota, não tenho nada contra, caso ele queira vir. No passado, o Bebianno conseguiu a proeza de tirar ele daqui. Mas ele [Bolsonaro] descobriu que eu não tinha nada contra ele ficar aqui naquela época. Hoje, vejo ele falar disso aí [de se filiar ao Patriota] e fico contente em vê-lo citar a gente. O Patriota está sempre de portas abertas, principalmente para um presidente da República que não tem uma denúncia de corrupção, uma denúncia de coisa errada, que só não cresceu em 2020 de 3% a 4% [o PIB do país] por causa dessa pandemia, que não é brasileira, é mundial.
Qual a última vez que o senhor falou com ele? De verdade.
Vish, faz muito tempo, faz muito tempo. Eu estou esperando ele me ligar a qualquer momento ou alguém dele me ligar e dizer: ‘Ó, o presidente quer falar com você’. Faz muito tempo que não falo com ele. Depois da eleição [de 2018], falei com ele duas vezes.
Mas qual seu feeling político? O senhor está sentindo o quê?
Olha, hoje a concorrência é muita grande. A concorrência nossa para trazer ele é com partido de 100 anos, como o PTB; é com um PL, super gigante; é com um PP; é com o partido da Igreja Universal, que é o Republicanos. Provavelmente, existem outros interessados: quem sabe até o DEM, não é? Ele vindo para o partido hoje, eu considero um milagre. Agora, se você me perguntar: ‘Você acredita em milagre?’. Eu digo: ‘Ô, acredito’. Sou servo do Deus de Abraão, Isac e Jacó.
O senhor ficou bem chateado quando o Bolsonaro não ficou no Patriota. Já passou?
Fiquei muito chateado realmente, muito triste. Mas não foi com o presidente. Foi com o Bebianno. Antes de ele falecer, por incrível que pareça, eu mandei uma mensagem para ele dizendo que tinha essa mágoa, mas que deixaria isso para lá, porque não queria ter ódio de ninguém na terra. Eu disse: ‘Bebianno, eu te perdoo’. Ele também pediu perdão para mim e disse: ‘Ah, se o tempo voltasse…’. Ele morreu em paz comigo. Eu não tenho mágoa nenhuma.
Se Bolsonaro for para o Patriota, ele vai mandar no partido?
Olha, eu tenho certeza de que o presidente não vem assim. Eu tenho certeza. Eu conheço o presidente. Eu conheço o presidente espiritualmente, eu rodei o Brasil com o presidente, passei o tempo todo com o presidente. Então, ele sabe da gente e a gente sabe dele. Ele jamais vai dizer: ‘Vocês têm que me dar o partido’. Ele vai dizer que quer ter o controle partidário para não ter outro Alexandre Frota, outra Joice Hasselmann, esse tipo de gente e piores até. Ele quer um controle no sentido de não deixar entrar gente que goze do nome dele para depois, no poder, ficar montando esquemas e forças contra ele. Ele quer ter esse controle, eu tenho certeza de que é isso.
O senhor passaria a presidência do partido para ele?
Não adiantaria nem sequer falar disso. Porque ele não seria presidente de partido. O foco dele é ser presidente nacional. Segundo lugar, o presidente não precisará colocar alguém no comando do partido. Porque, se tem um cara que eu tenho certeza de que ele confia partidariamente, sou eu. Ele me falou isso uma vez.
Mas tem bolsonarista querendo 80% do fundo partidário. O senhor vai dar?
É tudo especulação. Até porque fundo partidário não é assim, não é assim que se resolve. E, se tem uma pessoa no Brasil que não precisa se preocupar com fundo partidário, é o presidente Bolsonaro. Se o Bolsonaro hoje abrir a boca e fazer uma vaquinha virtual, ele terá todo o dinheiro necessário para fazer campanha no primeiro e no segundo turnos. Ele quer a garantia da candidatura e de que não vão entrar pessoas que não condizem com a linha dele.
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