Entidades denunciam “retaliação injusta” a gerentes da Caixa
Gerentes do banco estatal perderam cargo após barrarem operação “arriscada” e “atípica” de R$ 500 milhões
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e a Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcefs) manifestaram “profunda preocupação” diante da notícia de que gerentes do banco estatal foram destituídos após se posicionarem contra uma operação de R$ 500 milhões considerada arriscada.
Como mostramos, a Caixa Asset, braço de investimento da Caixa Econômica, tirou o cargo de dois funcionários que se opuseram contra uma operação de compra de um lote de 500 milhões de reais em letras financeiras do Banco Master. A proposta foi feita pelo presidente da instituição, Pablo Sarmento.
“A destituição desses empregados parece ser uma retaliação injusta, que demanda uma apuração rigorosa e imediata por parte da Caixa. Ressaltamos que a atuação dos empregados da Caixa foi exemplar, demonstrando compromisso com a integridade e segurança do banco e cuidado com os recursos públicos. No entanto, estamos preocupados com possíveis ingerências e direcionamentos para negócios escusos, que devem ser investigados com seriedade”, dizem as entidades em comunicado divulgado na sexta-feira, 12 de julho.
A transação, segundo as entidades, envolvia a compra de letras financeiras do Banco Master “sem as devidas garantias”.
“Os gerentes consideraram a operação imprudente e alertaram para o alto risco de insolvência”, acrescentaram.
O jornal O Globo chamou a atenção para um parecer sigiloso da área de renda fixa da Caixa Asset que “desaconselhou enfaticamente a operação, considerada ‘atípica’ e ‘arriscada’, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco”, de BB+, risco médio.
O documento revelado classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e indica “alto risco de solvência”, o que levou o assunto a ser retirado da pauta de reunião do comitê de investimento da Caixa Asset em 4 de julho.
Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou os documentos, perderam seus cargos.
O estranho acordo do Banco do Brasil
O caso da Caixa lembra reportagem exclusiva publicada por Crusoé em 21 de junho sobre O estranho acordo de R$ 600 milhões do Banco do Brasil. Com a diferença de que o caso do Banco do Brasil se consumou, e com a assinatura do ministro Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão num domingo à noite.
Impossível não lembrar também de quando Lula pediu publicamente ao então presidente do Santander, Emilio Botín, em 2014, a demissão de uma executiva que alertou para os riscos da reeleição de Dilma Rousseff para a economia brasileira.
“Essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil e nada de governo Dilma… pode mandar embora”, discursou Lula em palanque. A “moça” foi de fato mandada embora, e cobrou na Justiça indenização do petista. O tempo mostrou de forma avassaladora, com o peso de um impeachment, que a analista do Santander estava correta.
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