Enchentes no RS afetam rede de saúde em vários municípios
Hospitais e unidades de saúde estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos essenciais e na operação de suas instalações
O estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de saúde após ser atingido pela maior tragédia ambiental de sua história. Com pelo menos 364 municípios afetados, hospitais e unidades de saúde estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos essenciais e na operação de suas instalações.
Segundo reportagem do Estadão, hospitais de campanha foram implantados para suprir a demanda emergencial desde domingo, 5 de setembro. No entanto, muitas regiões ainda permanecem isoladas e com difícil acesso, especialmente no interior e na região metropolitana de Porto Alegre.
Essa situação tem levado à suspensão de cirurgias, consultas e procedimentos eletivos em grande parte das redes pública e privada.
Rede de saúde de Canoas é a mais afetada
Canoas, a terceira maior cidade do estado e localizada na região metropolitana, foi uma das mais afetadas. O prefeito Jairo Jorge (PSD) relatou que o Hospital de Pronto-Socorro, três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), três farmácias municipais, quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e 19 dos 27 postos de saúde foram danificados pelas enchentes e estão inoperantes.
O secretário estadual da Saúde esteve em Brasília, buscando auxílio para os municípios atingidos. Somente com a ajuda da Força Nacional do SUS, o secretário conseguiu retornar ao estado junto com cerca de 20 profissionais de saúde que irão atender de forma móvel por meio do uso de aeronaves.
Os municípios afetados enfrentam dificuldades para enviar pacientes para hospitais regionais devido aos acessos difíceis e bloqueios nas estradas. Essa situação é ainda mais preocupante considerando que a região metropolitana é uma referência para grande parte do estado e está enfrentando bairros ilhados e hospitais evacuados após as inundações.
Falta de insumos
No domingo, foram enviadas aeronaves estaduais com insumos para cidades como Caxias do Sul, Lajeado, Santa Cruz do Sul e São Jerônimo. Entre os itens prioritários estavam soluções para hemodiálise e cilindros de oxigênio, mas há falta de diversos outros produtos. A recomendação é que as cidades isoladas informem seus fornecedores para entregar os insumos na Base Aérea de Canoas, na Grande Porto Alegre, de onde serão remanejados por via aérea.
Mesmo em cidades menos afetadas, como Lavras do Sul, o acesso a um dos principais municípios de referência foi inviabilizado, restando apenas uma opção com mais do que o triplo da distância original. Além disso, outra estrada está intransitável por ser de terra, conforme informado pelo secretário e presidente do Cosems-RS.
Medidas emergenciais
O Cosems-RS, em ofício enviado ao Governo do Estado, listou algumas das demandas mais urgentes. O documento solicita medidas emergenciais para enfrentar a situação causada pelas chuvas extremas, vendavais, enchentes e deslizamentos. Entre as principais demandas estão a falta de energia, internet e telefonia, o que impede o acesso de algumas prefeituras aos recursos e insumos governamentais urgentes. Além disso, é necessário garantir o atendimento de pacientes que necessitam de hemodiálise, quimioterapia e radioterapia.
O conselho também pede o envio de geradores para as unidades de saúde, a destinação de mais kits de medicamentos e insumos e a realização de um levantamento da estrutura das unidades de saúde. Além disso, pleiteia o aumento do teleatendimento, incluindo profissionais de saúde mental.
Saúde em Porto Alegre
Na cidade de Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde informou que houve sinalização de estoque insuficiente de oxigênio. No entanto, novas remessas de cilindros foram entregues. A secretaria também apontou a necessidade do repasse urgente de insumos e equipamentos essenciais para garantir a continuidade dos atendimentos.
De acordo com a pasta, pelo menos 15 hospitais e pronto-socorros indicaram baixo estoque ou desabastecimento nos últimos dias, afetando itens como respiradores mecânicos, fraldas, sondas, seringas, agulhas, esparadrapos, cateteres e outros materiais. Além disso, há escassez de produtos para limpeza e alimentos para dietas especiais.
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