Caso Silvio Almeida: Lula quer afastar pecha de ‘governo machista’
Governo federal pretende entregar o cargo para uma mulher negra. Dois nomes começam a ser apontados: Macaé Evaristo e Nilma Gomes
O Palácio do Planalto desencadeou uma força-tarefa para tentar substituir, o quanto antes, o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, exonerado após denúncias de supostos casos de assédio sexual.
A ideia do presidente da República é entregar o cargo para uma mulher negra e petista. A pasta é estratégica para o PT e a nomeação de uma mulher negra poderia, segundo integrantes do Planalto, atenuar o efeito negativo das denúncias contra Almeida.
Além disso, na visão do Planalto, a nomeação de uma mulher também pode arrefecer as críticas sobre a falta de representatividade feminina na Esplanada.
Neste aspecto, duas mulheres são apontadas como possíveis ministras. Nilma Gomes – ex-ministra das Mulheres e da Igualdade Racial no fim do governo Dilma Rousseff. Ela esteve à frente da pasta entre outubro de 2015 e maio de 2016. E Macaé Evaristo, deputada estadual de Minas Gerais. Macaé é professora desde os 19 anos e é formada em Serviço Social, mestre e doutoranda em educação. O nome de Macaé é sugerido pela militância do PT.
Como caiu Silvio Almeida?
Após dois dias de denúncias sobre supostos casos de assédio sexual e moral, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado no início da noite da sexta-feira última. A decisão ocorreu após reunião ocorrida no Palácio do Planalto com o presidente Lula.
Antes de tomar uma decisão, o presidente também conversou com os ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, com o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, e com o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho. A ministra Anielle Franco – Igualdade Racial – e pivô da crise também foi ouvida.
Análise – Almeida x Juscelino: o critério de Lula para demitir ministros
Como mostramos, a ONG Me Too Brasil informou ter recebido denúncias contra Almeida sobre casos de assédio sexual. Uma das vítimas, segundo o Metrópoles, seria a ministra de Igualdade Racial. Nesta sexta-feira, O Antagonista revelou com exclusividade que servidores foram coagidos a assinar um manifesto em defesa do ministro, o que se configuraria assédio moral.
Em resposta, o ministro negou as acusações. Em um primeiro momento, disse que as denúncias não passavam de uma “campanha” para afetar a sua imagem “enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público”. “As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram ‘denunciação caluniosa’. Tais difamações não encontrarão par com a realidade”, declarou Almeida.
Depois, o Ministério dos Direitos Humanos atribuiu as denúncias a uma suposta tentativa da ONG Me Too interferir em uma licitação para operar o Disque 100 – canal de denúncias sobre violência sexual envolvendo crianças e adolescentes. Depois, Almeida atribuiu por meio de interlocutores as denúncias a um fogo amigo dentro do governo Lula – desencadeado pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e a própria Anielle Franco.
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