“Ele não tem o direito de debochar da população”, diz Moro sobre presidente do Sindnapi
O dirigente, também conhecido como “Milton Cavalo”, ficou em silêncio em pelo menos 15 oportunidades, amparado por um habeas corpus
O ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) criticou a decisão do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, de permanecer em silêncio ao longo da sessão desta quinta-feira, 9, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.
O dirigente, também conhecido como “Milton Cavalo”, ficou em silêncio em pelo menos 15 oportunidades, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. O Sindnapi é o sindicato ligado a Frei Chico, irmão do presidente Lula.
“Eu até entendo que, quem está sendo investigado, acusado em um processo penal, quando não tem uma boa resposta, não tem um bom álibi, tem uma técnica de não responder nada. Agora, aqui não é apenas uma CPMI que investiga esses fatos. Não é uma delegacia de polícia. É um momento que ele tem para esclarecer todas as suspeitas graves que recaem sobre o Sindnapi”, disse Moro.
“Do ponto de vista criminal, ok… é direito dele, direito ao silencio. Mas do ponto de vista da tribuna da opinião pública, do ponto de vista da tribuna perante ao brasil, que ele tem a obrigação de falar, de esclarecer o que aconteceu, ele perde a oportunidade e sai com a aparência de uma responsabilidade penal. Sai com a aparência de ser culpado”, acrescentou Moro em entrevista coletiva.
“Qual é o papel do Frei Chico dentro do sindicato? Veja que nem isso ele está respondendo. Ele vai sair daqui com uma pecha de ainda maior suspeita. É direito dele? É direito dele. Não é direito dele debochar da comissão; não é direito dele debochar da população brasileira que merece as respostas para toda essa fraude que prejudicou em milhões aposentados e pensionistas”, alfinetou Moro.
Como mostramos mais cedo, antes de o presidente do Sindnapi começar a depor, seu advogado, Bruno Borragine, informou à CPMI que Milton Cavalo – como é conhecido o dirigente sindical – utilizaria o direito constitucional ao silêncio, por ter sido alvo da nova fase da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, na manhã desta quinta.
“O senhor Milton veio hoje de manhã preparado com um caderno de respostas para poder responder toda e qualquer pergunta de vossas excelências. Ocorre que, acho que todo mundo aqui já está sabendo, ele foi alvo, às 6h30, da nova fase da Operação Sem Desconto. Ele estava aqui, já presente. Como não tinha ninguém em sua casa, a sua casa foi arrombada. Ele não tem condição psicológica de poder falar“, pontuou o advogado.
Sindnapi sem compromisso de falar a verdade em CPMI
Milton não prestou também o termo de dizer a verdade na CPMI. “A minha instituição, que eu estou na presidência há quase 2 anos, estava comprometida e vai estar sempre comprometida com a verdade. Somos a entidade que foi lá que começou, e denunciamos esse tipo de prática de fraudes do INSS”, falou o depoente numa exposição inicial.
“É um sindicato que está há 25 anos na luta em prol dos aposentados. Não é um sindicato que foi criado de fachada para lesar aposentado, pensionista e idosos. É um sindicato que tem uma história”, declarou Milton Cavalo no único momento em que não se utilizou do habeas corpus concedido por Dino para ficar em silêncio.
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