E se Celso Amorim falasse tudo o que pensa?
O ex-chanceler Celso Amorim (foto, à esquerda) questionou o Tribunal Penal Internacional (TPI) em entrevista publicada nesta segunda-feira, 18, quando falava sobre a vontade do governo brasileiro de...
O ex-chanceler Celso Amorim (foto, à esquerda) questionou o Tribunal Penal Internacional (TPI) em entrevista publicada nesta segunda-feira, 18, quando falava sobre a vontade do governo brasileiro de receber o autocrata russo Vladimir Putin em novembro de 2024, para a cúpula do G20. Ele fala em nome de Lula (foto, à direita), enquanto assessor do presidente para assuntos internacionais.
Mas Amorim não falou tudo o que pensa na entrevista a Jamil Chade, do Uol, como o próprio ex-chanceler destacou.
“No caso do Oriente Médio, onde o Brasil pode ter um papel, o momento não se presta a isso. Até por conta da presença de muitos brasileiros retidos em Gaza, no fundo há uma situação, não estou dizendo que seja voluntária, um pouco como se fosse uma chantagem. Não podemos falar tudo o que pensamos, sob pena de colocar em risco os nossos brasileiros e seus parentes. Nesse caso, temos de tomar uma atitude um pouco mais discreta”, lamentou o ex-chanceler.
Na entrevista, Amorim, que foi chamado pelo jornalista Pepe Escobar de “Sergey Lavrov brasileiro”, em referência ao chanceler russo — como destaca a reportagem Putin quer você, capa de Crusoé desta semana —, disse ainda que “o que ocorre na Palestina é de uma dramaticidade fora do comum”, ao falar sobre a reação de Israel aos atentados terroristas do Hamas.
“O número de mortes de crianças eu acho que não tem paralelo na história. Talvez na Segunda Guerra Mundial, nos bombardeios de Dresden ou Hiroshima. Mas num ataque frontal nunca houve nada parecido na História”, comparou.
Quando questionado diretamente por ter mencionado a palavra “genocídio” no contexto de Gaza, o assessor de Lula disse que não gostaria de entrar no “debate técnico”:
“Sei que genocídio tem certas definições. Mas o sentimento é parecido àquele que é provocado por um genocídio.”
E Essequibo?
Amorim também foi questionado sobre Essquibo, porção da Guiana reivindicada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro. Para ele, “o Brasil está reconstruindo a América do Sul”.
“É muito interessante que, no caso da Venezuela e Guiana, o apelo que foi feito [por uma reunião mediada] foi atendido e o resultado é positivo. Não tenho ilusões. Não estou dizendo que isso significa uma solução do problema. Mas, certas questões, se você consegue fazer com que elas não sejam explosivas naquele momento, já é uma vitória.”
Sobre a posse de Javier Milei na Argentina e a perspectiva de vitória de Donald Trump na próxima eleição dos EUA, o ex-chanceler disse o seguinte:
“Temos de lidar com realidade. Acho que uma vitória do Trump provavelmente nos criaria, tendo em vista o que foi a vitória do Milei na Argentina, problemas na região. Agora, é possível que um Trump 2 venha modificado. Que tenha a noção mais clara de que não vai impor uma mudança pela força, que não vai inventar um novo Guaidó na Venezuela.”
Imagine se Amorim tivesse falado tudo o que realmente pensa.
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