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Documentos apontam que CIN usou software espião da Abin

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3 minutos de leitura 24.01.2024 16:15 comentários
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Documentos apontam que CIN usou software espião da Abin

A Polícia Federal apreendeu documentos que indicam que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) lotados no Centro de Inteligência Nacional (CIN) utilizaram o software espião FirstMile durante a gestão de Jair Bolsonaro...

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Documentos apontam que CIN usou software espião da Abin
Foto: Adriano Machado/OAntagonista

A Polícia Federal apreendeu documentos que indicam que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) lotados no Centro de Inteligência Nacional (CIN) utilizaram o software espião FirstMile durante a gestão de Jair Bolsonaro, registrou a Folha de S. Paulo. 

Usado pela Abin entre 2019 e 2021, o FirstMile ficava hospedado em computadores da Diretoria de Operações de Inteligência.  

Depoimentos de servidores e documentos de apurações internas da Abin mostram, no entanto, que o software foi utilizado pessoas ligadas ao CIN. 

Ao autorizar a operação Última Milha, em 20 de outubro de 2023, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que um servidor alvo de busca e apreensão era “responsável pela fiscalização contratual do sistema FirstMile e, mesmo transferido de setor, continuou a realizar consultas pelo Centro de Inteligência Nacional”. 

“O servidor, ainda, tinha plena ciência da característica intrusiva da ferramenta que questionou, na condição de fiscal do contrato, o fato de a empresa fornecedora ter perdido a eficácia em relação a operadora Tim”, acrescentou. 

Invasão de rede de telefonia

A PF investiga a utilização do programa espião FirstMile, durante o governo de Jair Bolsonaro, para tentar invadir a rede de telefonia da TIM no Brasil.

Documentos em posse da PF apontam para o uso da ferramenta para espionagem de desafetos políticos de Jair Bolsonaro, como professores e jornalistas, em um suposto esquema comandado pelo ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem.

Além da Abin, a Polícia Federal tornou público que o Exército Brasileiro também estava fazendo uso da ferramenta, e que o filho do general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria Geral de governo no primeiro ano do governo Bolsonaro, estava entre os alvos da operação.

A PF diz que  o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um “software intrusivo” na infraestrutura crítica de telefonia brasileira e se sabia, no início da operação, que o sistema foi invadido reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.

O Centro de Inteligência Nacional 

O Centro de Inteligência Nacional (CIN) foi criado em 2020 por Jair Bolsonaro para planejar e executar atividades de inteligência destinadas “ao enfrentamento de ameaças à segurança e à estabilidade do Estado e da sociedade”, além de implementar a “produção de inteligência corrente e a coleta estruturada de dados”. 

O CIN é parte de um decreto que criou novas estruturas no organograma da Abin, que na época era chefiada pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). 

Nos cargos de chefia do CIN foram colocados servidores e policiais federais próximos a Ramagem.

O que diz Ramagem? 

À Folha, o deputado Alexandre Ramagem negou irregularidades.

Em nota, ele disse que o “departamento de operações, composto exclusivamente de servidores de carreira da Abin, era o único responsável pela gestão, senhas e execução do sistema”.

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