Diretor da Prevent nega ter fraudado estudos e reconhece que Saúde usou protocolos do plano
Ao longo da sessão de hoje da CPI da Covid, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que o plano de saúde tenha fraudado estudos e ensaios clínicos relacionados à prescrição da cloroquina e admitiu que o Ministério da Saúde...
Ao longo da sessão de hoje da CPI da Covid, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que o plano de saúde tenha fraudado estudos e ensaios clínicos relacionados à prescrição da cloroquina e admitiu que o Ministério da Saúde usou protocolo da empresa em relação ao chamado “tratamento precoce”.
Para a CPI da Covid, o executivo mentiu ao minimizar as mortes por Covid de pacientes do plano de Saúde. Por essa razão, a Comissão Parlamentar de Inquérito passou a considerá-lo como investigado.
Um dos laudos supostamente fraudados pela empresa, conforme a CPI, envolveu a mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, Regina Hang.
Um dossiê apresentado por 15 médicos que trabalharam na Prevent Senior revela que ela foi internada em 31 de dezembro do ano passado e morreu em 3 de fevereiro deste ano. No prontuário, segundo os médicos, havia informação sobre a adoção de “tratamento precoce”, com hidroxicloroquina e azitromicina. O empresário, por sua vez, negou nas redes sociais que sua mãe teria tomado esses medicamentos.
Ainda segundo o dossiê dos médicos, um ensaio clínico feito pelo plano de saúde com 636 pacientes para tentar comprovar a efetividade do “tratamento precoce” omitiu sete mortes por Covid. O executivo disse que os óbitos não foram ocultados. Segundo ele, o documento sobre a prescrição da cloroquina falava do acompanhamento médico de 636 pacientes entre 26 de março de 2020 e 4 de abril de 2020. As sete mortes, ainda de acordo com ele, ocorreram após esse período.
“A Prevent Senior vem sendo acusada de forma infundada”, disse o executivo aos senadores.
Além disso, Júnior disse que houve manipulação de dados de dois médicos que foram desligados do plano de saúde. E que essas informações, supostamente falsas, foram enviadas à CPI da Covid.
“Esses fatos aconteceram porque o casal George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert, ex-médicos da Prevent, desligados em junho de 2020, manipularam dados de uma planilha interna, que era planilha de acompanhamento de pacientes para tentar comprometer a operadora”, afirmou o diretor à CPI.
“O senhor mente”, respondeu o senador Humberto Costa (PT-PE), sobre as informações prestadas pelo executivo. “O senhor não tem como negar o que aconteceu. Inclusive com a mãe do Luciano Hang”, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).
O protocolo de “tratamento precoce” da Prevent Senior foi divulgado e estimulado por Jair Bolsonaro e por seus familiares pelas redes sociais.
Em abril do ano passado, com base em dados prévios, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) compartilhou uma reportagem que afirmava que a Prevent Senior tinha reduzido o uso de respiradores de 14 para 7 dias usando o kit-Covid. O presidente da República também compartilhou dados do estudo.
Ao longo da CPI, Pedro Benedito Batista Júnior foi questionado pelo fato de que os familiares do presidente da República tiveram acessos a dados prévios do ensaio clínico. Ele disse que desconhecia como eles conseguiram as informações antes de o estudo ter sido publicado.
Segundo o executivo, o Ministério da Saúde adotou o protocolo da Prevent Senior, mas negou que tenha tido auxílio da pasta na elaboração do tratamento ou ligação com a família presidencial.
Ele disse também que não conhecia o “Ministério da Saúde paralelo” ou seus integrantes. Apesar disso, ele afirmou que a médica Nise Yamaguchi participou da elaboração desse protocolo.
Durante vários momentos da sessão, senadores ficaram contrariados ao não obter detalhes sobre os laudos médicos dos pacientes da Prevent Senior. “Os prontuários estão à disposição para a análise dos senhores senadores”, respondeu o diretor em vários momentos.
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