Diplomatas reagem à indicação de mais um embaixador de fora da carreira
O presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu indicar o secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, para o cargo de embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos. A nomeação política, que contou com apoio da CNI, foi recebida com irritação no Itamaraty...
O presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu indicar o secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, para o cargo de embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos. A nomeação política, que contou com apoio da CNI, foi recebida com irritação no Itamaraty.
Em nota enviada a O Antagonista, a embaixador Maria Celina de Azevedo Rodrigues, presidente da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), disse que a indicação de Degaut é motivo de “grande preocupação”.
“Ao mesmo tempo em que reconhecemos que a designação de embaixadores é prerrogativa presidencial, mais uma vez vemos a instituição da carreira diplomática e seus integrantes sendo preteridos e ameaçados no seu exercício pleno e fundamental”, diz.
Segundo ela, o atual contexto geopolítico de grande tensão exigem a atuação de diplomatas profissionais, que, por sua vez, passam por “várias etapas de formação e avaliação” numa trajetória que “costuma levar mais de três décadas até se chegar ao nível de ministro de primeira classe (embaixador)”.
Degaut já é o terceiro embaixador de fora da carreira diplomática indicado por Bolsonaro, depois de Raimundo Carreiro (Portugal) e do general Gerson Menandro Garcia de Freitas (Israel).
“É forçoso reiterar a legitimidade da carreira diplomática brasileira, cuja excelência é reconhecida nacional e internacionalmente, forjada por anos de sólida dedicação de seus integrantes e de aprendizado intenso, a fim de bem representar e proteger os interesses do Brasil e de seus nacionais perante a comunidade internacional.”
Degaut é oficial de inteligência e, antes de trabalhar na Defesa no governo Bolsonaro, integrou o GSI de FHC, a assessoria internacional do STJ e foi subsecretário de Assuntos Estratégicos do governo Temer.
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