Tarcísio não disse “E daí?”
Neste fim de semana, Tarcísio de Freitas fez aquilo que se espera de um governador em horas de emergência. Ele viajou até São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo, para verificar a destruição causada pela chuva, prestar solidariedade às vítimas – sobretudo às famílias de quem morreu – e planejar ações de emergência com o prefeito e outras autoridades do local.
Neste fim de semana, Tarcísio de Freitas (foto) fez aquilo que se espera de um governador em horas de emergência. Ele viajou até São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo, para verificar a destruição causada pela chuva, prestar solidariedade às vítimas – sobretudo às famílias de quem morreu – e planejar ações com o prefeito e outras autoridades do local.
Esse é um roteiro padrão em situações desse tipo, um comportamento ao qual se aplica a frase “não fez mais que a obrigação”.
Acontece que Tarcísio de Freitas está ligado ao bolsonarismo – e Jair Bolsonaro ignorou essa praxe política em diversas oportunidades, mas principalmente durante a pandemia, quando mostrou sua aversão a demonstrar empatia com quem está passando por um sofrimento (coisa de maricas?) com declarações como “E daí?” e “Não sou coveiro”. Fazia sentido, portanto, aguardar para ver como o recém-eleito governador de São Paulo se comportaria quando se deparasse com sua primeira calamidade.
Antes de uma campanha, marqueteiros costumam realizar pesquisas para descobrir quais atributos os eleitores associam ao seu candidato. Alguma característica sempre se destaca: o político é trabalhador, realizador e assim por diante. Em geral, isso é o que aparece em destaque no slogan de campanha.
Mas quando a ocasião se apresenta, o político também precisa ser capaz de interpretar outros papéis associados ao ato de governar. Um desses papéis é o do “cuidador”. Alguns vão desempenhá-lo de maneira mais ou menos convincente, o que não podem é simplesmente ignorá-lo. Não porque isso os prejudica pessoalmente, mas sobretudo porque cria um vácuo – um ambiente em que unir esforços para enfrentar emergências se torna mais difícil, quando não impossível.
Dias atrás, em uma entrevista nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro disse que se pudesse voltar atrás teria ficado de bico calado durante a crise da covid 19, deixando que o ministério da Saúde cuidasse do assunto. Tarde demais, ele parece ter se convencido do dano que o comportamento abrutalhado causou ao seu projeto de reeleição. Não estou certo de que tenha se convencido do mal que causou ao país.
Diante da calamidade no litoral de São Paulo, Tarcísio não disse “E daí?”. Agiu como manda o bom senso e demonstrou que não é mesmo um “bolsonarista raiz”, como alegou recentemente.
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