A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá nesta quarta-feira, 30 de outubro, para discutir, entre outras coisas uma possível expulsão do ex-ministro Ciro Gomes.

Alguns deputados defendem abertamente a ideia, enquanto outros preferem não ser identificados e manter a discussão dentro do partido neste momento. Outros preferem sugerir apenas a retirada dele da vice-presidência nacional da legenda.

O motivo da expulsão é a alegação de que Ciro agiu contra candidaturas apoiadas pelo PDT nas eleições deste ano. Segundo seus opositores, Ciro está tomando rumos diferentes daqueles defendidos pelo partido e sua independência poderá prejudicar o desempenho do PDT em 2026.

O PDT teve um dos piores resultados eleitorais entre todos os partidos no primeiro turno. A sigla perdeu 163 prefeituras em relação a 2020 e venceu em 148 municípios. No Ceará, principal estado para o partido, o resultado foi ainda mais trágico – a sigla saiu de 67 prefeitos eleitos em 2020 para apenas cinco neste ano. Enquanto isso, no Ceará, o PSB de Cid foi o mais vitorioso, vencendo em 65 dos 184 municípios do Estado.

Apoio velado à candidatura bolsonarista

A maior queixa, porém, deve-se aos gestos de Ciro na disputa eleitoral em Fortaleza. Deputados acusam Ciro de ter dado “apoio velado” ao deputado federal bolsonarista André Fernandes, atuando nos bastidores contra o deputado estadual Evandro Leitão (PT), no segundo turno.

O PDT cearense orientou pela neutralidade no segundo turno em Fortaleza, liberando seus quadros a apoiarem qualquer um dos dois postulantes à prefeitura.

Com isso, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio declarou apoio a Fernandes, participou de atos de campanha – dois dos irmãos , inclusive, doaram R$ 500 mil para a candidatura do bolsonarista e seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT apoiaram Fernandes.

“Outro rumo”

O grupo de parlamentares favoráveis à sua expulsão afirma que se isso não for tema de concordância entre parlamentares e o diretório, formalizará um requerimento pedindo a análise da exclusão.

“Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido”, afirma o deputado Josenildo (PDT-AP). “Ele está indo para outro rumo. Como ele está desviando a rota, até para o partido retomar esse crescimento, que ele busque um partido que pensa igual a ele.

“O partido está hoje no governo, faz base do presidente Lula. Se o partido almeja candidatura a presidente, primeira coisa a se fazer então é entregar espaço para o presidente Lula. Não tem como ficar dentro do governo e disputar a eleição contra o governo que você faz parte. É desleal”, declarou Josenildo.