Deputado admite flerte, mas dá fora em Richa após críticas
Filipe Barros alfinetou Richa, após a repercussão da notícia ter sido negativa em vista do histórico de escândalos de corrupção
O deputado federal Filipe Barros (PL-PR) admitiu nesta quinta-feira, 14 de março, que costurou uma tentativa de filiar ao partido o ex-governador do Paraná preso pela Lava Jato, Beto Richa (PSDB; foto).
Entretanto, o parlamentar alfinetou Richa, após a repercussão da notícia ter sido negativa em vista do histórico do ex-governador com escândalos de corrupção.
“Eu recebi uma missão do presidente Bolsonaro. Eu sou soldado do presidente Bolsonaro. Qual foi essa missão? Trazer até ele todos os pré-candidatos à prefeitura de Curitiba”, afirmou Barros em vídeo divulgado nesta quinta, em referência a Richa.
Segundo o deputado, os pré-candidatos precisavam cumprir dois requisitos: serem “antipetistas” e estarem “à disposição de caminhar com o presidente Bolsonaro em 2016”.
Barros então relata que, com o anúncio da pré-candidatura do ex-deputado Paulo Martins (PL-PR), ele passou a declarar apoio ao ex-colega de Câmara.
Saia justa
Deputado estadual do Paraná, Ricardo Arruda divulgou um vídeo para protestar contra a possibilidade de o deputado federal e ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR, foto) trocar o PSDB pelo PL para ser candidato à Prefeitura de Curitiba. “Ninguém entendeu, nem eu”, protestou.
Arruda destacou que Richa é ex-presidiário, em meio a outras críticas. Mas o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também é.
“Me ligaram de manhã e falaram assim: ‘Corre lá no PL, que o [deputado federal] Filipe Barros levou o Beto Richa para se filiar ao PL e ser candidato’. Eu falei ‘não é possível, né, como é que pode isso? Deve haver algum engano’”, diz Arruda no vídeo.
Ele relata que estava em Brasília e foi à sede do partido na capital federal, onde encontrou Richa e Barros saindo do escritório. “Você está me traindo não, né?”, questionou o deputado estadual, que descreve no vídeo as palavras que dirigiu a Barros.
“Toda a situação do Beto Richa”
Arruda diz que, na sequência, foi falar com o ex-presidente Jair Bolsonaro e explicou “toda a situação do Beto Richa”, “alguém que já foi preso, tem um passado que lhe condena, que é colado com o [vice-presidente da República Geraldo] Alckmin”.
Richa foi preso três vezes entre o fim de 2018 e o início de 2019. A primeira das prisões ocorreu sem setembro de 2018 e foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Curitiba, numa investigação sobre superfaturamento no programa do governo estadual Patrulha do Campo, que fazia manutenção de estradas rurais.
Na mesma época, ele era investigado pela Operação Lava Jato, que o levou de volta para a prisão em janeiro de 2019, sob a acusação de tentar influenciar depoimentos na investigação sobre as rodovias.
Richa foi solto no início de fevereiro daquele ano e preso de novo dias depois, em março, por obstrução de justiça no âmbito da Operação Quadro Negro, do Ministério Público do Paraná. Nesse caso, ele era investigado por desvios da ordem de 20 milhões de reais em obras de construção e reformas de escolas públicas. Os crimes teriam ocorrido entre 2012 e 2015.
E o PT?
Além de criticar Richa por ter sido preso, Arruda diz também que ele é “muito mais ligado com o PT”, e cita um ex-secretário de Saúde de Richa que hoje é conselheiro em Itaipu. O deputado estadual diz que falou também com o deputado federal Fernando Giacobo (PL-PR), presidente do PL no Paraná, que também estaria “totalmente contra” a filiação de Richa.
“O PL não tem culpa nenhuma, Bolsonaro não tem culpa nenhuma. O erro, a meu ver, foi Filipe Barros levar o Beto Richa e apresentá-lo como um bom candidato para prefeito e se filiar no nosso partido”, resume o deputado estadual.
Ele segue: “Fiquem tranquilos, porque, graças à manifestação da direita, que é unida, que espinafrou nas redes sociais que não aceita, ‘fora Beto Richa’… Acho que fez o partido enxergar que estavam enganando as pessoas do partido dizendo que o Beto era um bom nome para estar no nosso partido”.
E o Valdemar?
“Nós somos de direita, nós defendemos os valores de Deus, pátria, família e liberdade, e não aceitamos aqui ex-presidiários no nosso partido, ainda mais como pré-candidato a prefeito da nossa Curitiba”, finaliza Arruda.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi condenado a sete anos e 10 meses de prisão pelo esquema do mensalão, em novembro de 2012. Ele deixou a prisão pela primeira vez em 2014, para trabalhar como gerente administrativo em um restaurante industrial de Brasília.
Em maio de 2016, ministro Luís Roberto Barroso, hoje presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu perdão da pena e determinou a expedição de alvará de soltura de Valdemar.
O presidente do PL só voltou a ser detido, por algumas horas, em fevereiro de 2024, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, por portar uma arma com registro inválido
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