Deputada do RJ é indiciada por envolvimento com milícia
Lucinha e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima são acusadas de favorecerem uma um das maiores milícias do estado
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indiciou a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima. As duas são acusadas de favorecerem uma das maiores milícias do estado conhecida como “Bonde do Zinho”, “Tropa do Z” ou “Família Braga”, chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho.
Conforme documentos e áudios obtidos pelas autoridades, as acusadas manipularam informações e utilizaram seus cargos para beneficiar os interesses da milícia liderada por Zinho.
Além disso, as evidências apontam que Lucinha e Ariane forneceram informações confidenciais sobre a agenda do prefeito Eduardo Paes (PSD). Esta ação permitiu que a milícia removesse seus integrantes das ruas antes das visitas oficiais, evitando confrontos com a polícia e perpetuando sua influência na região.
“Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindá-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrá-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes”, relata ainda a denúncia.
Como a milícia se beneficiou da influência política?
Através de mensagens trocadas entre Lucinha e um membro influente da milícia conhecido como Dom a investigação descobriu que a parlamentar buscou manter aberta uma “brecha” jurídica que facilitaria a circulação de vans controladas pela milícia.
A atuação da milícia não se restringia apenas ao controle territorial, mas também infiltrava-se em níveis políticos e administrativos.
A denúncia do MPRJ ainda aponta que vários parentes de integrantes da milícia foram empregados em gabinetes e outras instâncias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Interferências em investigações
Lucinha e sua assessora recebiam da milícia informações de práticas de crimes que estavam em investigação para que elas pudessem interferir no curso destas e determinar a linha investigativa a ser seguida, informou a Agência Brasil.
Em 2021, a deputada ajudou membros da facção criminosa de Zinho, que foram presos em flagrante, a serem liberados.
As investigações também apontam que a deputada tentou interferir junto a Alerj e o Comando da Polícia Militar na remoção dos comandantes da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e do 27º Batalhão de Polícia Militar de seus cargos, em razão do combate dos agentes à organização criminosa.
Deputada ‘madrinha’ de milícia se defende na Alerj
No começo deste mês, Lucinha compareceu ao Conselho de Ética da Alerj para prestar esclarecimentos sobre as acusações de seu suposto envolvimento com a milícia.
Durante seu depoimento, Lucinha negou veementemente as acusações e se mostrou otimista em relação ao resultado do processo que pode culminar em sua cassação.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais após a reunião, a deputada expressou confiança nos representantes do Conselho de Ética, afirmando que acredita na imparcialidade deles e se considera uma futura vitoriosa.
Após o depoimento da deputada, o presidente do Conselho de Ética, Julio Rocha (Agir), decidiu encerrar a fase de produção de provas e oitivas do processo contra Lucinha. Agora, ela tem até o dia 10 de junho para apresentar sua defesa final por escrito. Após a entrega das alegações finais, o relator Vinícius Cozzolino terá um prazo de 10 dias para elaborar seu parecer, que será votado pelos sete deputados que compõem o Conselho.
Independentemente do resultado no Conselho de Ética, o destino político de Lucinha será decidido pelos outros 69 deputados no plenário da Alerj.
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