Delegado exigiu que Marielle não fosse morta no trajeto da Câmara, diz Lessa
O objetivo era evitar a suspeita de "conotação política" do crime e evitar pressão às forças policiais
O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou em depoimento à Polícia Federal que o então chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa (foto) exigiu que Marielle Franco não fosse executada no trajeto de deslocamento para a Câmara Municipal para evitar a suspeita de conotação política do crime e evitar pressão às forças policiais.
“Em relação a Rivaldo Barbosa, Ronnie Lessa declarou que aceitou a empreitada homicida, pois os irmãos Brazão expressamente afirmaram que o então chefe da Divisão de Homicídios da PCERJ teria contribuído para preparação do crime, colaborando ativamente na construção do plano de execução e assegurando que não haveria atuação repressiva por parte da Polícia Civil”, diz trecho destacado pela Procuradoria-Geral da República em manifestação que pede a prisão de Rivaldo.
“Ronnie pontuou que Rivaldo exigiu que o M.F. da S. [Marielle Francisco da Silva] não fosse executada em trajeto de deslocamento de ou para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pois tal fato destacaria a conotação política do homicídio, levando pressão às forças policiais para uma resposta eficiente”, acrescenta a PGR.
Lessa afirmou que as exigências de Rivaldo foram repassadas a ele por Domingos Brazão.
“O Rivaldo disse que não poderia ser de outra forma; ele foi bem firme nisso, foi contundente, então não é não, e não pode porque o Rivaldo não quer. Então, na verdade nós sentimos até bastante firmeza pela magnitude da coisa, tá lidando com o diretor da DH; se o diretor da DH faz uma exigência dessa, na minha concepção ele já tem uma linha traçada pra desviar o assunto.”
Rivaldo foi preso neste domingo, 24, por suspeita de proteger os mandantes do crime.
Ele teria combinado com Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, que garantiria a impunidade. Além deles, também foi preso o deputado federal Chiquinho Brazão.
A Polícia Federal ainda investiga as circunstâncias da nomeação do delegado Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil no Rio de Janeiro em 13 de março de 2018, um dia antes do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
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