De Temer para Joesley: “Obrigado aí por tudo, viu?”
Na reportagem "A festa do boi", da Crusoé, Michel Temer cai num grampo da PF em conversa com Joesley Batista, na noite da reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. Para comemorar a vitória da chapa PT-PMDB, financiada abundantemente pela JBS, Temer propõe a Joesley "aquele almoço ou jantar no Jaburu" e agradece: "Obrigado aí por tudo, viu?" Leia o trecho da reportagem de Mateus Coutinho...
Na reportagem “A festa do boi”, da Crusoé, Michel Temer cai num grampo da PF em conversa com Joesley Batista, na noite da reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.
Para comemorar a vitória da chapa PT-PMDB, financiada abundantemente pela JBS, Temer propõe a Joesley “aquele almoço ou jantar no Jaburu” e agradece: “Obrigado aí por tudo, viu?”
Leia o trecho da reportagem de Mateus Coutinho:
“Precisamente às 22h09, ele dispara uma ligação para um número de Brasília. Do outro lado, atende alguém com voz solene, que reconhece de pronto o número e fala de maneira carinhosa: “Oi, Ricardo”. “Michel?”, responde Saud. O interlocutor, então, parte direto para o agradecimento, sem dizer nada antes: “Obrigado, Ricardo”. Era Michel Temer, vice-presidente da República que acabara de ser reeleito juntamente com Dilma. Saud congratula o “amigo” pela vitória e logo passa o aparelho para Joesley. “Amigo, parabéns! Espere aí que vou passar para o chefe aqui. Espere aí que vou passar para o Joesley aqui. O Joesley está aqui, espere aí só um minutinho, só um minutinho.” “Maravilha, tá bom”, diz Temer. Joesley entra em cena. Temer o cumprimenta sem disfarçar a alegria. “Oi, Joesley.” O dono da JBS trata o vice como “chefe”. “Chefe, parabéns, hein!?”
É quando surge na conversa um detalhe irônico. Temer o convida para um encontro no… Palácio do Jaburu, a residência oficial da Vice-Presidência da República: “Obrigadíssimo, amigo, obrigadíssimo. Agora, vem cá. Agora vamos fazer aquele almoço ou aquele jantar no Jaburu?”. “Pois é, pô!”, diz Joesley Batista. “Aquele churrasco (risos)”, emenda Temer. O dono da JBS reforça: “Temos que fazer em um fim de semana. Pega um fim de semana aí e nós vamos fazer”. “Vamos fazer, vamos fazer, tá bom? Obrigadíssimo aí por tudo, viu?”, diz o vice. “Estou aguardando o convite. Valeu, querido! Parabéns! Abração”, encerra Joesley. Quem sabe o que aconteceu quase dois anos depois em Brasília entende o quão irônica – e até profética – era essa conversa. Foi em um encontro justamente no Palácio do Jaburu, em março de 2017, que Joesley, já signatário de um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, usou um gravador escondido para registrar uma conversa pouco ortodoxa com Michel Temer, em que ambos tratavam da estratégia para evitar que a Lava Jato os alcançasse.”
O áudio do grampo pode ser ouvido pelos assinantes na reportagem completa:
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)