Crusoé: Tarcísio dá braço a torcer em disputa por quilombo no centro de SP
Governador definiu que estação, que está sendo construída sobre local onde houve um quilombo no século XIX, fará menção direta ao local
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), parece ter indicado que concederá a movimentos negros a razão sobre uma estação de metrô em construção na Praça 14-Bis, no centro de São Paulo. Um decreto assinado nesta segunda-feira, 10, no Diário Oficial do Estado, alterou o nome da estação de “14-Bis” para “14 Bis-Saracura“, em homenagem à história pregressa do quilombo que havia no local.
A estação, que atenderá a Linha 6-Laranja do metrô, está localizada onde se encontrava o Quilombo do Saracura, uma morada de negros escravizados e fugidos no século XIX — e um raro exemplo de quilombo urbano no Brasil.
Durante as escavações da nova estação, milhares de pequenos artefatos que integravam o dia-a-dia da vila foram encontrados, tais como estátuas em homenagens a deuses africanos, itens de casa e vestuário, assim como uma possível instalação para canalizar o córrego Saracura, que margeia a localidade e ainda circula, enterrado sob a avenida Nove de Julho.
O quilombo deu lugar, em tempos recentes, à quadra da escola de samba Vai-Vai, que acabou desapropriada em 2015 para a construção da linha 6. Foi apenas durante as escavações, que os primeiros vestígios do quilombo do Saracura foram encontrados.
Com as descobertas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) interveio nas obras, o que causou atrito entre o governo de Tarcísio e movimentos ligados à preservação do bairro do Bixiga —onde o quilombo está localizado — assim como ativistas do movimento negro interessados na preservação do que for encontrado no local.
As obras da estação atrasaram em função do sítio arqueológico — enquanto o resto das estações da linha estão entre 40% e 60% concluídas, a 14 Bis-Saracura está em 8,58%, de acordo com o consórcio que lidera as obras.
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