Crusoé: O que não te contaram sobre o movimento antirracista
A primeira lei do Brasil contra o racismo, batizada com o nome de Afonso Arinos, foi assinada por Getúlio Vargas em 3 de julho de 1951, data que...
A primeira lei do Brasil contra o racismo, batizada com o nome de Afonso Arinos, foi assinada por Getúlio Vargas em 3 de julho de 1951, data que é considerada um marco da luta antirracista no país. Na época, a legislação previa penas de um a cinco anos de reclusão e multa para os condenados por práticas racistas. De lá para cá, muita coisa mudou —não apenas nas leis, mas nos próprios termos usados pelo público brasileiro nos debates sobre racismo.
Num país em que 87% das pessoas dizem haver preconceito racial, mas só 4% assumem abertamente ter atitudes racistas, o combate à discriminação continua sendo fundamental. Entretanto, expressões correntes como “racismo estrutural”, “lugar de fala” e “apropriação cultural”, têm problemas que prejudicam a discussão e o próprio enfrentamento da desigualdade racial.
Esse é o argumento do livro O Que Não Te Contaram sobre o Movimento Antirracista, das escritoras Geisiane Freitas, mestre em sociologia pela UFPB, e Patrícia Silva, pós-doutoranda em sociologia pela UFRJ. Na obra, de onde saíram os percentuais do parágrafo acima, Geisiane e Patrícia criticam a esquerda, que acusam de não ter real preocupação com o combate ao racismo, e figuras como o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos —que, para elas, não explica adequadamente o conceito de “racismo estrutural” pelo qual é conhecido.
“A esquerda está sempre trabalhando com a relativização, impondo um conceito que não existe, querendo encaixar à força a realidade dentro do conceito que não existe e colocando seu lado tirânico, ditatorial para fora”, disse Geisiane em entrevista a Crusoé.
Patrícia, por sua vez,…
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