Crusoé: “O Carnaval dos sonhos dos novos tempos”
O amigo não se ofenda se eu acreditar que você pulou Carnaval. Eu pulo também – não como folião, mas como furão, como quem dá o cano e falta ao compromisso...
O amigo não se ofenda se eu acreditar que você pulou Carnaval. Eu pulo também – não como folião, mas como furão, como quem dá o cano e falta ao compromisso. É que não me dou bem com o trugundum, não suporto o calor, não tenho mais vitalidade, ficar bêbado está cada vez mais chato e, cá entre nós, tenho um certo receio de contrair hanseníase do suor e da saliva alheios. Mas isso sou eu; o amigo talvez seja diferente. O amigo talvez tenha sido bravo e corajoso e se esbaldado nos bloquinhos; se comovido e aberto os braços em êxtase na avenida; se desmanchado ante o esplendor que nela fulgiu e, ah, tenha enfim sido um folião à vera, um folião de mãos cheias.
Bem, se foi assim, espero que o amigo tenha, ao menos, pulado o Carnaval com consciência. Que tenha respeitado as minorias e pulado seu Carnaval segundo a sua própria herança cultural, sem se apropriar de nada que seja dos outros. Essa, aliás, é outra razão para eu não pular Carnaval: para ser fiel à minha herança eu teria que me fantasiar de paulistano, ou seja, pôr terno, colete, gravata, sapato Vulcabrás e pastinha 007 (ou carregar uma pizza). Não é, como direi, a indumentária do desbunde.
Mas falemos do amigo:…
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