Crusoé: Direita sem dono, esquerda sem força
Jair Bolsonaro tem sua liderança contestada enquanto PT sofre para conquistar alguma capital
Mais de 155 milhões de eleitores brasileiros estarão aptos a votar neste domingo, 6, para cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em 26 capitais e 5,5 mil cidades do país. Ainda que em diversos municípios exista dúvida sobre o resultado, a análise das pesquisas e a observação das campanhas já permitem tirar algumas conclusões. Um levantamento dos candidatos mais competitivos mostra uma inclinação do país para a direita, seguindo o perfil dos eleitores. Contudo, esse grupo não está sendo capitaneado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A esquerda, por sua vez, também sofre com a falta de comando, uma vez que o presidente Lula não tem se mostrado um cabo eleitoral eficiente. Os debates televisivos se mostraram encarniçados, com profusão de xingamentos e agressões, mas garantiram a projeção de alguns candidatos. E, ainda que os cortes de alguns vídeos nas redes sociais tenham atraído a atenção de milhões, o velho horário eleitoral gratuito não perdeu sua utilidade.
Seguem as principais conclusões que podem ser tiradas até aqui das eleições municipais deste ano.
A direita não tem dono
A ascensão meteórica do influenciador digital Pablo Marçal, em São Paulo, colocou em xeque a liderança de Jair Bolsonaro na direita brasileira. Uma das frases mais marcantes do ex-coach foi a de que “a direita não tem dono”. Foi uma ousadia e tanto. Em vez de pedir a benção de Bolsonaro, Marçal se colocou na posição de tomar o seu lugar.
Como o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, a possibilidade de ele ser substituído está aberta. O fato de que Bolsonaro não indiciou um sucessor, na esperança de uma revisão da decisão que o tirou temporariamente do jogo, acabou permitindo que pessoas de fora, como Marçal, se apresentassem para preencher o vácuo.
Em sua blitzkrieg eleitoral, Marçal adotou artifícios usados por Bolsonaro. Ele copiou o discurso contra os políticos, disse frases agressivas, magoou as mulheres, incomodou os progressistas da esquerda e baseou sua campanha nas redes sociais. Deu certo. Mesmo concorrendo por um partido nanico, o PRTB, e sem tempo de televisão, Marçal está muito perto de ir para o segundo turno.
Independentemente do resultado das urnas, Marçal já é um vencedor e qualquer composição política em 2026 para a Presidência da República terá Marçal como fator determinante.
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