Crusoé: A mãe dos bichinhos pobres
O janjismo é o futuro do lulismo, ou o seu crepúsculo
O presidente Lula adotou a ideia de “pai dos pobres” ao tentar sua reeleição em 2006. A intenção era recuperar apoio entre os mais carentes, a classe média e o funcionalismo público, após ter sua imagem arranhada no maior escândalo de compra de votos no Congresso, o mensalão. Deu certo, e Lula conseguiu seu segundo mandato. Agora, na primeira metade do terceiro mandato, o petista investe tempo e recursos para transferir seu capital político para a primeira-dama Janja. A ânsia dela em se promover ficou evidente na tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, ao inserir na propaganda estatal o cuidado com os animais. Se Lula era o pai dos pobres, Janja se projeta como a mãe dos cachorros desamparados. Os resultados são incertos. Há quem acredite que o janjismo poderá ser uma alternativa ao lulismo no futuro. Mas, se der errado, também poderá ser o seu crepúsculo.
A operação para promover Janja envolve Lula, os ministros Paulo Pimenta e Waldez Góes, e as Forças Armadas. Desde que mais de 400 cidades foram inundadas no Rio Grande do Sul, Janja já esteve quatro vezes no estado. Nos vídeos publicados nas redes sociais, quase sempre ao som das teclas de piano, ela adota uma cachorra em Canoas, sobrevoa a cidade de helicóptero, carrega pacotes de ração animal, testa purificadores de água e monitora uma fila de dezenas de homens descarregando roupas e cobertores de um helicóptero militar. Em uma foto tirada de dentro do avião presidencial, Janja posa com cestas de doações, organizadas uma em cada assento, com cinto de segurança. Janja chama a cachorra adotada, batizada de Esperança, de “bebê” e de “filha”. Os animais são tratados como “bichinhos”, no diminutivo.
No sábado, 18, Janja compartilhou um vídeo feito pelos ministros Pimenta e Góes — respectivamente, da recém-criada Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul e do Ministério do Desenvolvimento Regional.
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