CPI da Covid: o que esperar dos depoimentos dos irmãos Miranda
A CPI da Covid vai ouvir hoje, às 14h, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda. Ricardo é o servidor do Ministério da Saúde que afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal, ter sofrido pressões por integrantes da pasta para garantir a importação da vacina Covaxin...
A CPI da Covid vai ouvir hoje, às 14h, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda. Ricardo é o servidor do Ministério da Saúde que afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal, ter sofrido pressões por integrantes da pasta para garantir a importação da vacina Covaxin.
O parlamentar, por sua vez, disse que relatou ao presidente Jair Bolsonaro indícios de irregularidades na compra do imunizante indiano. As informações sobre essa conversa entre Miranda e Bolsonaro foram publicadas com exclusividade por O Antagonista na quarta-feira última (23).
Os integrantes da CPI da Covid acreditam que a sessão de hoje será um importante passo para começar a desvendar o processo de compra da vacina Covaxin. A suspeita dos parlamentares do colegiado é de que tenha ocorrido favorecimento ilícito na aquisição do imunizante indiano.
Além disso, os senadores avaliam se Bolsonaro teria cometido crime de prevaricação, por, em se confirmando, não ter denunciado o suposto esquema da Covaxin a órgãos de controle, como CGU ou Polícia Federal.
Durante a sessão de hoje, que promete ser a mais longa em quase dois meses de CPI, os parlamentares do chamado G7 — grupo de senadores independentes e de oposição — vão questionar Luis Miranda sobre os encontros com Bolsonaro, sobre o que foi discutido e como foram os alertas ao presidente. O irmão do parlamentar será inquirido sobre as supostas pressões em favor da Precisa Medicamentos, representante do laboratório Bharat Biotech no Brasil, inclusive para o pagamento antecipado de US$ 45 milhões em nome de uma off shore de Singapura.
Já os senadores governistas estarão municiados com um dossiê sobre a vida de Luis Miranda. Eles vão explorar, por exemplo, o processo que tramitou contra o parlamentar na Justiça Eleitoral, no qual Miranda foi acusado de crimes como corrupção, fraude, abusos do poder econômico e dos meios de comunicação e compra de votos durante a campanha de 2018, que marcou a estreia do hoje deputado na política.
Os parlamentares da base do governo também vão citar processos que o deputado respondeu na área criminal, acusado de estelionato. Outra tática governista será a de desqualificar os documentos que o deputado federal promete apresentar à CPI. O Planalto alega que o material foi adulterado pelo próprio parlamentar. A expectativa é de que o senador Flavio Bolsonaro (Patriota-RJ) comande pessoalmente a tropa de choque governista durante a sessão de hoje.
Leia as principais perguntas que deverão ser feitas aos irmãos Miranda na CPI da Covid, segundo apurou O Antagonista:
– Quando começaram as pressões em favor da vacina Covaxin no Ministério da Saúde?
– De onde partiram as pressões? Como eram as pressões? Houve ameaça de exoneração de Luis Ricardo Miranda?
– O coronel Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, atuou nas pressões? Eduardo Pazuello também fez algum tipo de lobby pela vacina indiana?
– A pressão pela Covaxin era a mesma em relação aos demais imunizantes? Quais eram as diferenças?
– Como foi a pressão pelo pagamento adiantado de US$ 45 milhões para o recebimento de 300 mil doses da Covaxin? Qual foi a parte estranha dessa pressão? Houve pressão de quais servidores do Ministério da Saúde?
– Como foi a conversa com o presidente Jair Bolsonaro? Quando ocorreram os primeiros alertas sobre a Covaxin?
– Como foi a resposta de Jair Bolsonaro? Ele disse que mandaria investigar o caso? Deu alguma diretriz substancial?
– Quantas vezes Bolsonaro foi alertado sobre problemas nos contratos com a Covaxin?
– O presidente disse que iria repassar as denúncias para algum ministro, como Eduardo Pazuello?
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)