Coronel Libório, de Lula a Bolsonaro

08.04.2025

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Coronel Libório, de Lula a Bolsonaro

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Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 05.08.2020 07:30 comentários
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Coronel Libório, de Lula a Bolsonaro

A exoneração do coronel Gilson Libório do Ministério da Justiça não foi uma perda qualquer. Libório era o diretor de inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça, responsável pelo monitoramento de opositores do presidente Jair Bolsonaro. Mas já trabalha com atividades de inteligência em Brasília há alguns anos. O coronel é um dos responsáveis indiretos pela ascensão de André Mendonça no governo e é considerado um dos assessores mais leais e preparados do atual ministro da Justiça...

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5 minutos de leitura 05.08.2020 07:30 comentários 0
Coronel Libório, de Lula a Bolsonaro
Arte: O Antagonista

A exoneração do coronel Gilson Libório do Ministério da Justiça não foi uma perda qualquer. Libório era o diretor de inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça, responsável pelo monitoramento de opositores do presidente Jair Bolsonaro. Mas já trabalha com atividades de inteligência em Brasília há alguns anos.

O coronel é um dos responsáveis indiretos pela ascensão de André Mendonça no governo e é considerado um dos assessores mais leais e preparados do atual ministro da Justiça.

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Libório era assessor especial na Controladoria-Geral da União em 2016, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada para responder ao processo de impeachment.

Michel Temer assumiu o governo ainda interinamente e nomeou Torquato Jardim para a CGU, onde ele conheceu o coronel e imediatamente simpatizou-se com o novo assessor.

De acordo com o currículo oficial de Libório, na CGU ele era responsável por assessorar o ministro-chefe da pasta com assuntos de inteligência e “informações de natureza estratégica”.

Ele foi nomeado para o posto em 2007 em portaria assinada pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O trabalho envolvia “emprego de técnicas operacionais, inspeções e análises, visando coletar e buscar dados que permitam produzir informações estratégicas para subsidiar as atividades do órgão central e das unidades regionais da CGU”.

O coronel atravessou governos na Diretoria de Pesquisas. Chegou lá bo governo Lula, permaneceu com Dilma e, só em 2017, no governo Temer, foi transferido para o Ministério da Justiça.

Foi Libório quem apresentou Wagner Rosário a Torquato Jardim, para o cargo de secretário-executivo da CGU, ainda em 2016.

Wagner e André Mendonça hoje integram o grupo de assessores mais próximos de Jair Bolsonaro. Além deles, fazem parte dessa turma Jorge Oliveira, secretário-geral da Presidência, e Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura.

Wagner, Jorge Oliveira e Tarcísio estudaram juntos, se conhecem há muitos anos. Observadores do Planalto dizem que a ascendência de Libório sobre dois integrantes desse núcleo também o coloca em posição privilegiada dentro do governo.

O coronel começou a se aproximar do grupo em 2017, quando Torquato Jardim foi para o Ministério da Justiça e Wagner Rosário foi efetivado na CGU. O coronel passou a ser secretário-executivo do MJ e homem de total confiança do ministro. Segundo servidores que trabalharam na pasta na época, uma das funções de Libório era a produção e apresentação de “relatórios de inteligência” a Torquato.

Na chefia da CGU, Wagner nomeou André Mendonça para coordenar o grupo de representação da pasta nos acordos de leniência negociados pelo governo federal.

Quando Jair Bolsonaro assumiu o governo, em janeiro do ano passado, nomeou Mendonça para a AGU e Libório foi junto, para ser assessor especial do advogado-geral.

Conforme o governo foi acertando a equipe, Bolsonaro viu a necessidade de assessores leais que pudessem mantê-lo informado sobre os mais diversos assuntos.

Libório, hoje apontado como o responsável pela “Abin paralela” do presidente, é conhecido pela lealdade e pela eficiência e bastante experiente com atividades de inteligência, especialmente em lidar com “grandes volumes de dados”, como ele mesmo diz em seu currículo.

Mendonça assumiu o Ministério da Justiça em abril, depois da saída de Sergio Moro da pasta. O ex-juiz da Lava Jato se demitiu acusando o governo de tentar interferir politicamente na Polícia Federal, como se quisesse transformar a corporação numa unidade de inteligência.

Dias depois da saída de Moro, o ministro Celso de Mello, do STF, mandou divulgar vídeo de uma reunião ministerial de 22 de abril em que Bolsonaro cobrou eficiência de seus serviços de informação. Segundo o presidente, o seu serviço funciona.

Quando André Mendonça assumiu o MJ, levou com ele seu assessor especial, o coronel Libório.

E lhe deu a missão de chefiar a Seopi, que passou a ter nova função: com Moro, era uma unidade de integração de investigações sobre cibercrimes e redes de pedofilia; com Libório, tornou-se uma unidade de inteligência.

Segundo reportagem do UOL, essa secretaria foi responsável por elaborar e distribuir um dossiê sobre agentes de segurança e professores da rede pública que se identificavam com um “movimento antifascista”.

André Mendonça disse em entrevista à GloboNews que não sabia nada sobre dossiês, mas anunciou a abertura de uma sindicância para apurar o caso – e exonerou Libório, para tentar tirar os holofotes sobre o assessor e baixar a temperatura do caso.

A O Antagonista, o coronel disse que não falaria sobre nada relacionado ao caso. E informou que não poderia confirmar nem negar a existência de dossiês ou dar informações sobre a atuação de sua antiga secretaria.

Mas quem o conhece sabe que a lealdade e o cumprimento de missões são os dois valores que orientam seu trabalho como integrante de vários governos. Improvável que ele não tenha atuado para informar o governo sobre opositores. E mais improvável ainda que seus chefes não soubessem de suas atividades.

Seu silêncio será bem recompensado.

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