“Comprei o apoio de muitas pessoas”, diz prefeito socialista
A compra de apoio, tão comum nas esferas federal, estadual e municipal do Brasil, nunca é confessada abertamente por políticos, mas uma exceção surgiu nesta semana na Paraíba.
A compra de apoio, tão comum nas esferas federal, estadual e municipal do Brasil, nunca é confessada abertamente por políticos, mas uma exceção surgiu nesta semana na Paraíba.
Fábio Tyrone (PSB), prefeito de Sousa, cidade do sertão paraibano, admitiu o expediente na terça-feira, 14, durante entrevista ao programa ReporterPB, na Rádio 104,3 FM.
A confissão do membro do Partido Socialista Brasileiro foi feita num contexto em que ele insinuava práticas ilícitas dos adversários e se declarava disposto a abrir guerra contra eles:
“Eu sei de muitas coisas e vou revelar. Não vão me calar. A era dos políticos corruptos em Sousa acabou. Eu tenho conhecimento de muitas situações. Estejam preparados. Eu nunca me corrompi, mas admito que comprei o apoio de muitas pessoas.”
O prefeito, portanto, confessou em si a aparente corrupção que condena nos outros; nesse caso, uma suposta corrupção ativa. O crime está catalogado no artigo 333 do Código Penal. Para tipificação, claro, faltam mais detalhes, como os nomes das pessoas compradas, quanto e como ele pagou, e a origem do dinheiro.
Desde o escândalo do mensalão do PT, que estourou em 2005, a compra de apoio vem passando por um processo de institucionalização no Brasil, culminando no orçamento secreto e em suas variantes, mas a confissão do ato ainda provoca reações.
No mesmo dia, o vice-prefeito Zenildo Oliveira, até então a opção do grupo de Tyrone para disputar a prefeitura, renunciou à pré-candidatura.
Ao saber da desistência, o prefeito foi ao programa Bom Dia Sertão para dar outra entrevista e, com voz embargada, não só enalteceu o amigo Zenildo, como aproveitou para usar os métodos tradicionais dos políticos enrolados com seus próprios atos e falas: posar de vítima e culpar a imprensa.
“Todo mundo sabe quanto difícil é militar na política, principalmente na política de Sousa que tem parte da imprensa totalmente descompromissada com o jornalismo, e com a realidade, que tem pessoas que fazem da política o meio de vida, uma política que não para, que não dorme; que vive de criar mentiras, invencionices, que vive querendo inocular as pessoas com veneno.”
Denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), Tyrone acaba de ser condenado a uma pena de quatro anos, sete meses e seis dias de reclusão por corrupção passiva em um caso que ficou conhecido como “Ação Assolan”. A sentença foi assinada em 6 de novembro.
Ele foi acusado de desvio de dinheiro público do São João de 2010, no valor de 72.284,11 reais.
Em maio, Tyrone também foi condenado pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) por agressão a Myrian Gadelha, sua ex-namorada. O caso ocorreu em dezembro de 2018, em João Pessoa, capital da Paraíba.
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