Como vai o combate às queimadas do “amor” no Pantanal
Os deslocamentos de brigadistas até pontos distantes, mais propensos a incêndios graves, chegam a durar cerca de sete horas
A temporada de incêndios no Pantanal, que normalmente começaria em agosto, já está causando cenas de destruição que lembram os desastres de 2020, considerados os maiores já registrados no bioma. Na última semana, brigadistas e a população de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, têm lutado contra o fogo às margens do rio Paraguai, próximo à cidade.
O território do bioma apresenta desafios para o deslocamento dos brigadistas. As jornadas até pontos distantes, mais propensos a incêndios graves, chegam a durar cerca de sete horas.
Mesmo após controlar os focos de incêndio em determinadas áreas, outros locais começam a ser consumidos pelas chamas. Um exemplo disso é a Curva do Tuiuiú, às margens do rio Paraguai, informa reportagem da Folha de S. Paulo.
Mapeamento das queimadas no Pantanal
Após o reconhecimento aéreo da região, equipes de campo realizarão uma inspeção nas áreas nesta semana para monitorar a situação e verificar se será necessário resgatar e alimentar animais afetados pelos incêndios. Esse mapeamento também servirá como guia para as equipes, já que o deslocamento, inclusive com equipamentos, é trabalhoso.
Após o sobrevoo, a equipe fez uma parada na Fazenda Santa Teresa para entregar um drone que seria usado pelos brigadistas. Nos últimos dias, o combate ao fogo tem ocorrido nessa fazenda.
Segundo o biólogo Gustavo Figueirôa, da organização SOS Pantanal, que falou ao jornal paulistano, foram necessárias sete horas para chegar de Corumbá até a fazenda. Ele acompanhou os membros da Brigada Alto Pantanal, do Instituto Homem Pantaneiro, que estão atuando na região do rio Paraguai-Mirim, próximo à Serra do Amolar.
Deslocamento de aproximadamente sete horas
O trajeto começou com uma viagem de três horas de lancha pelo rio Paraguai, seguida por uma hora de caminhonete até a sede da fazenda para preparar os equipamentos e mais uma hora percorrendo uma trilha aberta pelos funcionários da fazenda.
A partir desse ponto, foram mais duas ou três horas em um trator até chegar ao local do incêndio e iniciar o combate. Isso ressalta a importância de ter suporte aéreo de helicópteros para deslocar os brigadistas até o local do fogo com maior rapidez. Com um helicóptero, esse tempo seria reduzido para menos de dez minutos, facilitando o transporte de materiais.
A reportagem também acompanhou uma ação dos brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama. Os agentes foram acionados para combater um incêndio que consumiu áreas rurais em Corumbá, na fazenda São Bernardo, em menos de duas horas.
As queimadas “do amor” no Pantanal
Desde janeiro até agora, foram 1.632 focos de incêndio no bioma. Em 2023, a plataforma BDQueimadas registrou 133 focos no mesmo período.
Em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), foram 466.
Com uma área de 150.355 km², o Pantanal perdeu pelo menos 1.276 km² para o fogo até maio deste ano, ante perda de 120 km² no mesmo período de 2023.
O problema não era o Bolsonaro?
Até 2022, o PT, do presidente Lula, e os demais partidos da esquerda atribuíam a responsabilidade pelas queimadas no Pantanal ao governo Bolsonaro.
No governo “do amor”, no entanto, pouco se fala sobre a negligência do governo federal e do Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva, e os especialistas ouvidos pela imprensa amiga atribuem a causa das queimadas à seca anual da região.
O deputado federal Kim Kataguiri ironizou a chefe da pasta do Meio Ambiente: “A ministra Marina Silva é fogo, hein? Conquistou os dois maiores recordes de queimadas no Pantanal.”
Omissão do Congresso
Na quinta-feira, 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a omissão do Congresso Nacional na proteção ao Pantanal, dando um prazo de dezoito meses para que os parlamentares aprovem uma legislação para regulamentar o tema.
O relator, ministro André Mendonça, lembrou que a Constituição determina a preservação do Pantanal e de outros biomas.
“Passados mais de 35 anos sem que a regulamentação se concretize, torna-se imperioso o reconhecimento da omissão em função da não regulamentação de lei e estatuto específico para o Pantanal”, disse.
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