Como estão nossos 5 maiores canais de TV?
Como estão nossos canais de televisão aberta diante da nova realidade digital?
Sabemos que o streaming vem crescendo em audiência e investindo pesado em atrações para conseguir novos assinantes, ainda que nem sempre com resultados financeiros positivos, mas como estão os canais de televisão aberta diante dessa nova realidade digital?
Tendo como base os dados disponíveis das principais emissoras de TV aberta no Brasil — Globo, Record, SBT, Band e RedeTV! — podemos delinear que elas atravessam momentos financeiros distintos em 2023, refletindo os desafios e estratégias de cada uma diante da transformação do mercado publicitário e do consumo de mídia.
A Rede Globo, da família Marinho, continua sendo a líder absoluta em receitas. Em 2023, a emissora registrou um faturamento de 15,1 bilhões de reais, ligeiramente acima do ano anterior, graças a uma gestão mais enxuta de custos.
Essa estratégia permitiu a Globo obter um lucro operacional de 586 milhões e um lucro líquido de 838,8 milhões.
Grande parte desse sucesso decorre de seus contratos de publicidade, como os ligados ao futebol e ao reality BBB, que juntos garantiram um faturamento de mais de 3 bilhões já nos primeiros meses de 2024.
Canais menores, desafios maiores
Por outro lado, depois de amargar um prejuízo de 533 milhões de reais em 2022 a Record, de Edir Macedo, registrou uma notável recuperação financeira e lucrou 466,5 milhões em 2023.
Só que as receitas publicitárias caíram de 2,014 bilhões para 1,925 bi no mesmo período, em parte compensadas pela estratégia de demissões e transferência dos custos de produção para a Igreja Universal.
A igreja, aliás, é a maior cliente da Record, despejando cerca de 900 milhões de reais por ano na emissora para a compra de horários para transmitir seus cultos e produções bíblicas.
Já o SBT passou por um 2023 difícil, ainda que com uma leve recuperação. Apesar de um magro lucro operacional de 4,3 milhões, o canal de Silvio Santos só conseguiu um lucro líquido de 31,1 milhões graças aos rendimentos de aplicações financeiras.
O desempenho reflete o impacto da crise na TV aberta, que viu a migração da publicidade para plataformas digitais.
A Band e a RedeTV! não divulgaram seus balanços de 2023, mas seguem enfrentando dificuldades similares às demais concorrentes menores e recorrem a locação de horários de sua programação a terceiros, como igrejas para fechar as contas. Na Band, por exemplo, a volta de Faustão custou caro e não rendeu o esperado, tanto em audiência como em faturamento, deixando um rombo estimado de 50 milhões de reais.
Streaming e internet são os rivais
As emissoras de TV aberta seguem lutando para se manter relevantes em um cenário de crescente migração de público e anunciantes para plataformas online. A Globo e mais recentemente o SBT já contam com suas plataformas de streaming, Globoplay e +SBT, respectivamente, mas as duas plataformas não dão lucro.
Pelo cenário atual, a Globo segue na liderança, tanto na TV aberta como no streaming, entre seus pares nacionais, ainda que perdendo espaço para outras formas de entretenimento.
Segundo pesquisa do Kantar Ibope em maio, hoje as plataformas de streaming têm uma participação de 23,2% na audiência do horário nobre. SBT, Record e Band, juntos, tem 21,1%. A Globo sozinha tem 36,1%. Em 2004 tinha cerca de 60%.
Como vemos, todos os canais, sobretudo os menores, enfrentam desafios cada vez maiores para manter a sustentabilidade financeira em um mercado cada vez mais pulverizado e que exige muito investimento em produção e tecnologia para se manter atrativo.
Como eles conseguirão equalizar essas demandas é algo que ainda teremos que esperar para ver, mas a esperada TV 3.0, que lhes proverá recursos hoje presentes apenas no streaming e nas redes sociais, como inserção de publicidade sob medida para cada perfil de usuário, em tempo real, deverá trazer alívio daqui poucos anos.
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