Com apoio do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. Ele ficará no lugar de Arthur Lira, que agora deve voltar a ser, nas palavras do próprio congressista, “soldado do Parlamento”.

Motta conseguiu 444 votos, um placar menor do que o obtido por Lira em sua reeleição – 2023, quando ele teve 464 votos.

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Na reta final da campanha, Motta – que será o mais jovem presidente da Câmara – enfrentou apenas Marcel Van Hattem (Novo) e o Pastor Henrique Vieira (PSOL), candidaturas que tinham apenas como objetivo demarcar determinados posicionamentos. Hattem teve 31 votos e Vieira outros 22.

Apesar da tranquilidade da sua votação, o Motta enfrentou, em meados do ano passado, resistência de partidos como o PSD e o União Brasil, que também pleiteavam o cargo. Antonio Brito (PSD) e Elmar Nascimento (União) lançaram suas respectivas pré-candidaturas, mas não conseguiram apoio suficiente para mantê-las.

Brito era visto como um parlamentar de bom trato com os colegas, mas com pouco pulso para se contrapor a determinadas exigências do Palácio do Planalto; Elmar representava um estilo semelhante ao de Lira, mas ele nunca foi o mais bem querido entre os seus pares.

Motta é filho do novo Centrão, instituído a partir de 2013 ainda na época de Eduardo Cunha (Republicanos-RJ). O agora novo presidente da Câmara era um importante aliado de Cunha e ajudou na base de sustentação dos quatro anos da gestão Lira.

Em seu discurso aos deputados, Motta pregou humildade e disse que seria um “deputado presidente. E não um presidente deputado”. “O presidente não comanda o mar, conduz o barco. O comandante não determina a direção dos mares, não é ele que controla as forças da natureza da política”, disse Motta.

Os demais concorrentes também deram seus recados. Marcel Van Hattem, por exemplo, provocou Hugo Motta e perguntou se o futuro presidente da Câmara vai pautar o impeachment de Lula.

“Eu pergunto, portanto, senhor presidente ao respeitável deputado Hugo Mota, se ele pautará um processo de impeachment de Lula, ou se o fato de ser uma candidatura apoiada pelo PT, pelo próprio Lula e pelo Partido Comunista do Brasil o impedirá de fazer o que é correto de acordo com a vontade do povo brasileiro”, disse Van Hatten.