Chico Rodrigues, o senador com dinheiro nas nádegas
No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro disse que daria uma “voadora no pescoço” de quem praticasse corrupção, a Polícia Federal flagrou um dos vice-líderes de seu governo com R$ 33 mil escondidos bem mais embaixo, entre as nádegas. O caso foi revelado pela Crusoé em 14 de outubro...
No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro disse que daria uma “voadora no pescoço” de quem praticasse corrupção, a Polícia Federal flagrou um dos vice-líderes de seu governo com R$ 33 mil escondidos bem mais embaixo, entre as nádegas.
O caso foi revelado pela Crusoé em 14 de outubro. Nesse dia, foram apreendidos R$ 43 mil e US$ 6 mil na casa do senador Chico Rodrigues. Do total do montante, R$ 33 mil estavam escondidos “em regiões íntimas” do parlamentar.
O senador do DEM é suspeito de desviar verbas da União enviadas a Roraima para combater a pandemia do novo coronavírus; ele só não foi preso preventivamente porque tem imunidade parlamentar. Segundo os investigadores, Chico ajudou a fraudar a compra de testes da Covid-19.
De acordo com a Controladoria-Geral da União, que também participou das investigações, dos R$ 16 milhões enviados ao estado para o enfrentamento da doença, R$ 2,56 milhões foram gastos com sobrepreço nos contratos.
Roraima e Amapá, terra de Davi Alcolumbre, homem reto e vertical, são os estados que proporcionalmente mais receberam dinheiro da União para combater a pandemia.
Em um esforço para tentar se dissociar do aliado, Bolsonaro afirmou lamentar trabalhar “que nem um desgraçado” e os “idiotas” ainda o acusarem de corrupção.
Sem citar o nome do senador, o presidente argumentou – se é possível chamar isso de argumento – que o vice-líder de seu governo não fazia parte de seu governo.
Chico e Bolsonaro são amigos há mais de 20 anos. “É quase uma união estável”, disse o presidente em um vídeo que começou a circular nas redes sociais logo depois de revelada a corrupção calipígia do senador.
Como acontece nas “uniões estáveis”, os dois já trocaram favores. O senador empregou Léo Índio, sobrinho do presidente, como assessor parlamentar pouco depois de Bolsonaro escolher Chico como vice-líder do governo no Senado.
O senador e seus advogados ainda tentaram explicar o dinheiro nas nádegas. Afirmaram que o montante se destinava “ao pagamento dos funcionários de uma empresa da família do senador”. E que o dinheiro estava escondido nas partes íntimas porque Chico foi vítima de “terrorismo policial” e reagiu de maneira “impensada”.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o senador do DEM afirmou também que estava sendo “massacrado”, “ridicularizado” e “humilhado”.
“Por trás desse broche de senador, há um ser humano.”
Relator do caso no Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso mandou guardar no cofre (sem trocadilhos) o vídeo da operação da PF com o flagrante, para evitar a “humilhação pública” do senador.
No dia em que determinou o afastamento por noventa dias de Chico Rodrigues do Senado, Barroso afirmara que sua decisão lhe parecia “natural e óbvia”.
Poucos dias depois, o senador pediu afastamento do cargo por 121 dias, o que abriu caminho para que o suplente, seu filho Pedro Arthur Rodrigues, assumisse a cadeira.
Mas o ano termina sem que a advocacia do Senado tenha emitido o parecer solicitado pelo senador Jaime Campos para abertura de processo no Conselho de Ética, e sem que Davi Alcolumbre tenha convocado Pedro para assumir a vaga do pai no Senado.
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